É um aumento impressionante: entre janeiro e abril deste ano, nosso país importou 55,8% a mais (em dólares) que no mesmo período, no ano passado. De 2,17 bilhões de dólares, importamos 3,38 bi em automóveis estrangeiros – o suficiente para importar 211.250 Bugatti Veyron, o que daria uma frota de 211.461.250 cv, potência equivalente a sete Gol AP Turbo igual ao do seu amigo. Ou a um (1, hum, uno, one) Effa M100.
Como fomos chegar neste volume? E quais foram os países com os maiores aumentos de exportação para cá?
De acordo com José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o câmbio foi o maior responsável pelo fenômeno. Nossa moeda está um Chuck Norris no cenário da economia internacional – nunca foi tão fácil viajar para fora e comprar um monte de buginganga, seja o seu destino a Argentina, EUA ou Europa. Veja as cotações. Veja o facebook de seus amigos.
Daí, coloque na conta o caso México (aumento de 69% das importações): temos um acordo comercial que isenta do imposto de 35% a importação dos carros fabricados por lá. Claro, você não vê diferença alguma no valor final porque o lucro fica todo com as marcas; o que explica porque pagamos de 44 a 84% mais que os hermanos, de acordo com levantamento feito pela consultoria CSM Worldwide e apontado pela revista Motor Show.
Paulo Cardamone, diretor da unidade brasileira da CSM, afirma que isso só acontece porque (1) nosso mercado não exige uma política mais agressiva de redução nas tabelas (em outras palavras, sim, somos trouxas); e porque esta redução traria um processo de canibalização dos automóveis de fabricação nacional, que são caros desta forma, em boa parte (mas não somente), devido aos impostos (estes, somam cerca de 35% do valor do veículo).
Ou seja, de um lado temos o governo, do outro, as fábricas. Nós apanhamos dos dois lados
O México, somado aos acordos comerciais do Mercosul, estimulou muito a fabricação nestes países de carros para o nosso mercado. Pegue uma tabela de preços, e descubra que boa parte dos carros de luxo de marcas estabelecidas por aqui, são fabricados fora. Nem a singela SpaceFox escapa disso! E tem mais carros vindo: Nissan March, os Mazda (a fábrica está sendo construída agora, e os planos são de exportar 70% da produção ao Brasil), Fiat Freemont… a tendência é de se aumentar este leque. O crescimento de 69% não parece muito com o que vocês verão nos parágrafos abaixo, mas a maior fatia dos 3,38 bi é provavelmente deles.
E os chicanos não estão sozinhos.
Percentualmente, os chineses tiveram um aumento absurdo de exportação para cá, de 988%. Mas isso é facilmente explicado pela quantidade de marcas que se estruturaram no nosso país nesse período – ou alguém achou que foi o Faustão que causou tudo isso? A própria JAC, Lifan, Chery, todo mundo está na festa – e os caras estão crescendo não só no mercado automotivo: preste atenção na quantidade de utilitários chinas rodando por aí. De Topics aos pequenos caminhões CN Towner.
sai da frente elba ramalho
Os alemães cresceram 123% em relação ao ano passado, e aqui sim, temos algo diferente: a estratégia de mercado cada vez mais agressiva das três grandes. Mercedes-Benz e BMW, cada vez mais procuram os compradores emergentes, com ofertas de modelos de motorização menor e mais magros de equipamentos: quem diria que você poderia comprar um sedã Classe C por R$110 mil? Ou um BMW por R$90 mil (118)? A Audi, apesar de manter a estratégia premium (odeio essa palavra, mas quis dizer que eles só vendem carros praticamente completos), chegou por aqui com o A1. E o MINI One, que vem com preço abaixo dos R$70 mil?
Por fim, temos os coreanos. O aumento, de 46%, parece pequeno; mas considere duas coisas. Primeiro, estamos falando basicamente de duas marcas: KIA e Hyundai, e segundo, eles já atuavam no segmento dos carros médios com boa participação – a relação custo-benefício deles é dura de ser batida pelos concorrentes nacionais. Agora, passaram a tomar uma sopa bem mais salgada no Brasil, dos SUVs e sedãs de luxo. São veículos que, embora sejam mais caros individualmente, possuem participação menor no mercado ao somar o montante.
Nem no mais bandido dos meus sonhos eu pude imaginar que veria tantos Shelby GT500 por aí
Vale também lembrarmos das importadoras independentes. Com o dólar baixo e o aumento da concorrência, os caras passaram a lucrar mais pela quantidade de vendas que pela margem de lucro. Pense em quantos Mustang, Camaro e Challenger você vê por aí. Em um dia só, aqui em São Paulo, vi duas Ford Raptor, aquele monstrengo V8 da Ford com estilo baja. Até no meio dos carros antigos tivemos um excesso: quem foi no encontro de Águas de Lindóia, no último feriado, ficou impressionado com o crescimento de antigos de importação recente.
Com tudo isso em pauta, fica a pergunta: cadê o meu Porsche Cayman?
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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