14 de jun. de 2011

Nossa amada e odiada gasolina: os detalhes



Então chegamos à segunda parte do texto sobre gasolina. Agora que você certamente sabe quais os tipos de gasolina vendidos em nosso mercado e suas características, já podemos entrar em questões mais abrangentes: a composição do combustível, a qualidade da mistura e a idoneidade dos postos.

O Enxofre

Como vários leitores notaram, os atuais 1000 ppm de enxofre de nossa gasolina é uma taxa altíssima. Esse enxofre é danoso ao combustível e ao carro (embora os carros estejam teoricamente preparados seus efeitos). Além de reduzir a eficiência antidetonante do combustível, os óxidos de enxofre podem formar ácidos sulfuroso e sulfúrico, devido à condensação de umidade, o que provocaria corrosão no silencioso e na tubulação do escape (isso era comum antigamente).
Recentemente, a Mercedes anunciou que não poderá vender a nova geração do SLK com a tecnologia BlueDirect em seus motores nos Estados Unidos, Ásia e África. Motivo? Este sistema de injeção é baseado na combustão com mistura pobre e injeção direta estratificada, e a gasolina destes países possui, em média, 95 ppm de enxofre, mais o dobro que estes motores toleram.

Neste sistema o enxofre pode bloquear os filtros que captam os óxidos de nitrogênio liberados na combustão, e por isso a Mercedes decidiu que oferecerá os motores sem a nova tecnologia. Se não for feito o mesmo no Brasil, o dono só poderá abastecer seu carro em postos BR, com gasolina Podium, que possui 30 ppm de enxofre, como o combustível europeu.

O Álcool

Além de burlar a necessidade da adição de chumbo, a adição de álcool na gasolina em proporções de 15% a 26% gera alguns benefícios, como a melhora do resfriamento do motor e a redução de emissões. Por outro lado, o álcool sofre com a contaminação das colunas de destilação pelo cobre, o que acarreta problemas com goma em misturas com gasolina rica em olefinas e diolefinas. O máximo de goma permitido atualmente é de de 5 mg /100 mL.
Há quem desconfie de que a gasolina possui água por causa da adição de álcool, mas este álcool é anidrido, com apenas 0,7% de água. Como a mistura álcool-gasolina tolera muito pouco a água, é adicionado 1% de benzeno à gasolina.
Mas esta propriedade da mistura pode lhe ajudar. Você pode medir o teor de álcool na gasolina, e também o de solvente, que se adicionado fará a proporção de álcool cair. Apesar da correta dosagem de álcool divulgada, o combustível pode estar adulterado. É possível testar misturando uma parte, digamos 100 ml, de água e 100 ml de gasolina em uma proveta. Agite a mistura e deixe-a descansando até que as duas fases se separem completamente. A fase superior é gasolina pura (yes! É assim que você pode obtê-la, mas só para seu cortador de grama, ok?); a inferior é mistura de água e álcool. A parte de água deverá estar entre 20 e 25% maior.
Para escapar dos solventes, um teste simples. Coloque gasolina em um copo descartável dos não muito bons. Se ele se dissolver em até 1 minuto (quanto menos melhor) é bom, caso contrário, dispense essa “gasolina”.

Postos de gasolina


Existem diversas formas de enganar o cliente de um posto de combustível. Em tempos de carros flex, os fiscais da ANP (Agência Nacional de Petróleo) já encontraram postos vendendo gasolina com 75% de álcool, quase o E85 usado pelos carros flex norte-americanos. Outras práticas mais antigas são a adição de solventes à gasolina e a adulteração da própria bomba de gasolina, para que você pague mais e leve menos.
Siga as dicas abaixo para fugir de ciladas, além da mais óbvia: a aparência e a conservação do posto.
1 – Evite postos “sem bandeira” desconhecidos. Sai caro para o dono de um posto ser franqueado a uma “bandeira”, por isso algus preferem não usar a bandeira e comprar combustível de distribuidoras confiáveis, mas outros não agem desta forma. O certo é ter um aviso na bomba sobre o distribuidor.
2 – Não confie em postos cujo preço esteja muito abaixo do valor médio praticado. A composição do preço da gasolina costuma ser a seguinte:
  • Custo petróleo, refino e logística – 30%
  • Custo do álcool anidro – 13%
  • Custo de distribuição e revenda – 15%
  • ICMS – 28%
  • CIDE, PIS\PASEP e COFINS – 14%.
Entendeu por que a gasolina nos Estados Unidos custa a metade do preço? No Brasil, a terra dos impostos, não dá para fazer milagre e ter preços muito abaixo da média, sem que a qualidade do combustível seja comprometida.
3 – Verifique a frequência do posto. Se há carros de frota abastecendo regularmente, como taxistas, é porque o combustível é de confiança. Quando não há, possivelmente o posto é boicotado devido a qualidade duvidosa de seu combustível.
4 – Por lei o posto é obrigado a realizar a medição de teor alcoólico na frente do consumidor sempre que for solicitado, da mesma forma que você pode entrar na cozinha de um restaurante quando quiser. Caso se neguem, não abasteça e denuncie o posto à ANP pela Central de Atendimento 0800 970 0267.
5 – Confira sempre a quantidade de combustível comprada com o que acusa no medidor de combustível do cluster de instrumentos. Para isso, claro, é necessário saber a capacidade do tanque.
6 – Sempre peça a nota fiscal. No caso de algum problema, é ela quem vai ser sua prova para reaver um possível prejuízo no carro.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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