17 de jun. de 2011

Nissan mostra Leaf no Brasil e dá palhinha do March

Fotos: Igor Macário/CZN
Nissan mostra Leaf no Brasil e dá palhinha do March

Evento itinerante demonstra tecnologia elétrica e apresenta compacto que estará no Brasil em outubro
por Igor Macário

Rio de Janeiro/RJ - A Nissan realizou no Rio de Janeiro uma première do pequeno March, compacto que será lançado oficialmente no Brasil apenas em outubro. O evento itinerante chamado "Nissan Inova Show" percorrerá mais de 30 cidades do país exibindo toda a linha japonesa com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a marca no Brasil. Junto com o March, cinco unidades do Leaf, o aclamado elétrico da Nissan, foram trazidas ao país para demonstração da tecnologia usada no modelo.

O Leaf é um hatch feito sobre a plataforma do Tiida, mas com extensas modificações para acomodar o trem de força elétrico. Uma das principais características positivas do modelo é não diferir muito de um compacto com motor à combustão. No Leaf são encontradas todas as comodidades vistas em qualquer carro como ar condicionado, sistema de som multimídia e espaço interno suficiente para quatro adultos e bagagens. Entretanto, é sob o capô que mora o fator crucial do modelo. Em vez de um ruidoso propulsor à explosão, um motor elétrico alimentado por baterias distribuídas pelo assoalho do carro empurra o modelo com disposição surpreendente.


Ao volante, o motorista consegue encontrar facilmente a melhor posição para dirigir. O assento é mais "altinho", e dá ao carro um perfil bastante familiar, sem pretensões esportivas. O revestimento em tecido de boa qualidade em tom bege claro tornam o interior do carro um espaço agradável. Com o motor ligado, apenas uma luz espia no painel indica que o hatch está pronto para andar. Um leve toque na alavanca de câmbio em formato pouco convencional engrena a única "marcha" à frente. Há um modo ECO, onde a potência do motor é reduzida para aumentar a autonomia, mas é no modo normal onde o carro mostra seu potencial.
As arrancadas são decididas, com o bom torque instantâneo de 28,5 kgfm. O Leaf arranca em silêncio e ataca as curvas do pequeno traçado de test-drive montado pela Nissan com a disposição de um hatch familiar comum. A direção leve facilita as manobras, mas os pneus ecológicos não inspiram muitas ousadias ao volante. A suspensão inclina e a frente ameaça escapar nas curvas mais fechadas. Mas essa é uma utilização para a qual o Leaf certamente não foi planejado, e no restante, como um meio de transporte eficiente e ecologicamente correto, o modelo atende muito bem às necessidades. A potência final do motor é equivalente a 107 cv, suficientes para a proposta do modelo. A autonomia das baterias é de de 160 km e pode ser reestabelecida após uma carga de 8 horas em uma tomada de 220 v. Há ainda os modos de carga rápida, que leva 30 minutos para aproximadamente 80% da carga total em um carregador rápido - 400 v - e até 20 horas em uma tomada residencial comum de 110 volts.

A Nissan se preocupou em integrar ao máximo os sistemas do carro com os motoristas, tanto que foi desenvolvido até mesmo um aplicativo para iPhone que acessa remotamente algumas funções do computador de bordo e indica os níveis da bateria, assim como o processo de recarga. O ar condicionado também pode ser programado pelo telefone, para ligar momentos antes do motorista chegar ao carro, e economizar carga para refrigerar o habitáculo quando o carro já estiver em movimento.
Infelizmente, o Leaf ainda parece distante da realidade brasileira. Trazer o carro para o Brasil significaria um enorme investimento em infra-estrutura, como postos de recarga rápida e todo um movimento de conscientização da população sobre o uso da energia elétrica. Além disso, para amortizar os custos de compra do carro, o governo precisaria dar incentivos fiscais a cada comprador, como ocorre nos Estados Unidos. Por lá, um Leaf sai por cerca de 25.900 dólares - R$ 42 mil - já com o desconto de 7.200 dólares - quase R$ 12 mil - dado pelo governo. Alguns estados norte-americanos ainda dão mais descontos para incentivar o uso de carros elétricos e híbridos plug-in.


No mesmo evento, a Nissan apresentou rapidamente aos jornalistas o March. O carrinho chega ao país em outubro para ser o primeiro popular japonês à venda. Com dimensões enxutas e a promessa de bom pacote de equipamentos de série e preço competitivo, o modelo se mostrou capaz de encarar a concorrência nacional de frente. O March brasileiro será produzido na fábrica de Aguascalientes, no México, e desembarca no país com a isenção de impostos que permitiu muitos outros modelos chegarem ao Brasil nos últimos anos.
A unidade avaliada ainda era a fabricada no padrão mexicano, mas segundo a marca, poucas mudanças - não especificadas - serão feitas para a venda no país. O March terá opção entre o motor 1.0 16v flex usado nos Renault Clio e Sandero, com 77 cv no etanol, e o eficiente 1.6 16v também de origem francesa, mas com os 106 cv e 14,5 kgfm de torque das versões mais simples da minivan Livina. Segundo os otimistas dados da Nissan, o 1.6 consegue rodar até 15 km/l com gasolina na cidade. O computador de bordo do carro cedido apontava números bem mais modestos, mas ainda aceitáveis para a categoria.


O comportamento geral do carro é dócil, com comandos bem localizados e de acionamento suave. A direção extremamente leve em baixas velocidades facilita as manobras no habitat natural do March, a cidade. Entretanto, com o motor 1.6, o carro tem boas respostas ao acelerador, e apesar da suspensão jogar no lado mais macio, não prega sustos no condutor. O câmbio tem engates leves e precisos, e a ré ao lado da quarta marcha dispensa o antiquado anel-trava que muitas fabricantes insistem em manter.

Mas é na qualidade dos materiais que a Nissan entrega a proposta do March para o Brasil. Os plásticos usados no painel e nas portas têm aparência simples, ainda que sejam bem encaixados e não apresentem rebarbas. O design do console central não é dos mais inspirados, ainda que deixe tudo à mão, exceto o comando para as funções do computador de bordo, que são operadas pelo pouco prático botão do hodômetro, junto aos mostradores. O tecido aveluldado dos bancos ao menos ajuda a melhorar a impressão geral sobre o modelo.


Atrás, dois adultos viajam com relativo conforto, mas só se os ocupantes da frente tiverem menos de 1,80 m. Um terceiro ocupante certamente vai sofrer com a pouca largura da carroceria. O assento do banco traseiro também é mais baixo do que o ideal, com pouco apoio para os joelhos, que viajam altos. Um percurso longo seria cansativo para os passageiros de trás.
O March será oferecido em quatro versões. Desde a básica Drive estão disponíveis itens como travas elétricas e computador de bordo. A intermediária Sense adiciona ar condicionado, direção com assistência elétrica, sistema de som com entrada auxiliar. A Advance pode ser equipada com o câmbio automático de quatro marchas, e traz trio elétrico e airbags frontais de série. A topo SR dá ao carrinho um ar mais esportivo, com rodas em liga leve de 15 polegadas e spoilers dianteiro e traseiro.

A Nissan ainda não divulgou a tabela de preços oficiais do modelo, mas especula-se que a versão mais simples com motor 1.0 custe em torno dos R$ 26 mil. A julgar pela estratégia agressiva da marca em relação ao novo carro, espera-se que as demais versões apresentem uma boa relação custo/benefício para tentar seduzir compradores para o primeiro popular japonês.
Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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