É curioso com a infância marca alguns de nossos valores, de forma quase subliminar. Eu me peguei babando por este Monza S/R 1988 – como muitos babam pelo Passat Pointer, outro clássico da época – quase como se fosse um muscle car. De fato, por alguns segundos cheguei até a pensar na possibilidade absurda de comprá-lo; até porque o preço dele está bacana, fora do mercado especulativo.
Mas como disse um amigo, “mas é só, e continua sendo, um Monza”. É verdade. Ou não?
Bem, fora o fato de ser hatch (configuração também disponível nos modelos normais, como o SL/E); o esportivo S/R oferecia pouca coisa para o seu visual nervosinho: câmbio mais curto, escapamento esportivo, amortecedores mais duros e uma barra estabilizadora dianteira mais grossa. O motor de dois litros era rigorosamente o mesmo do SL/E, mesmo comando de válvulas, tudo igual.
Claro, colocando esse pacotinho de miojo frente aos “SS” de araque do nosso mercado recente, vira um banquete de rei. E se você olhar a cabine, com bancos Recaro, forração exclusiva e painel laranja; a coisa começa a adquirir tons de “puxa seria muito legal ter esse carrinho”. Meu pai teve um Monza SL/E hatch, esse é o problema.
O outro problema é que os R$ 13.900 pedidos neste S/R soam seriamente tentadores quando o mercado mete a faca – pelo excesso de demanda – em clássicos como o Maverick GT, Opala SS e Dodge Charger (no estado deste Monza, custariam acima de R$70 mil); e a galera mais cobiçada dos anos 80 estão indo para o mesmo caminho – você já não encontra mais Passat Pointer e Gol GTS a um preço atraente. Quando a coisa está assim, olhar para os carros que (ainda) não se tornaram parte da bolha é interessante.
Já a velocidade máxima de 168 km/h e 0 a 100 em 11,2 segundos do S/R, bem, estes você omite de seus amigos – o S/R pode tomar um esfrega de qualquer popular 1.6 da atualidade.
Esse é o ronco do Monza S/R. Empolgante como um domingo à noite – eu não nasci para os quatro cilindros.
Bom, esta mosca branca é de segundo dono, vem com cinco pneus Continental zerados, mecânica revisada, e ganhou um belo banho de tinta – segundo o vendedor (que não é particular, trabalha no ramo), o tempo judiou da pintura original, que estava fosca. Ele também não sabe dizer se a forração dos bancos é a original. Como todo carro antigo, não recomendo a compra cega – vá, veja, cheire, guie, pergunte, pense… e quem sabe, compre.
Mas se você o fizer, vai ter que levar este escriba para um test drive. Hunf.
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