27 de mai. de 2011

Teste: Citroën C3 Picasso, detalhe por detalhe

 Fotos: Luiz Humberto Monteiro Pereira/ Carta Z Notícias
Teste: Citroën C3 Picasso, detalhe por detalhe

Cubismo de resultados - Citroën C3 Picasso investe na estilosa angularidade das formas para tentar crescer entre os monovolumes compactos

por Luiz Humberto Monteiro Pereira


Em agosto do ano passado, a Citroën subverteu a ordem convencional ao lançar o C3 Aircross. A marca francesa optou por lançar primeiramente no Brasil uma inédita versão “off-road light” de seu monovolume compacto C3 Picasso, apresentado em 2009 no mercado europeu.
Tal estratégia não chega a ser original – remodelações dos Fiat Palio Weekend e Strada também já surgiram inicialmente em versões Adventure. Uma das funções mercadológicas de estrear antes a versão aventureira foi acrescentar uma desejável pincelada de robustez à imagem de requinte que a Citroën construiu no mercado brasileiro nos últimos 20 anos. Por isso, somente agora – nove meses depois – chega o C3 Picasso. A versão “de cara limpa” – sem os adereços lameiros – do Aircross tem a função de colocar a Citroën na briga do segmento de monovolumes compactos, que inclui modelos como Chevrolet Meriva, Volkswagen SpaceFox, Nissan Livina, Fiat Idea e Kia Soul.

    O C3 Picasso segue a lógica comum aos monovolumes compactos urbanos. Tenta minimizar a escassez de espaço inerente aos compactos com um habitáculo de altura bem elevada, de fácil acesso e que amplia a sensação de conforto. Com seu estilo moderno e “clean”, o C3 Picasso aparenta ser menor que o Aircross. Em diversos aspectos, é mesmo. Com seus 4,09 metros de comprimento, 1,72 m de largura e 1,63 m de altura, o C3 Picasso é 19 cm menor no comprimento que o Aircross, 3 cm menor na largura e 12 cm na altura. Tal redução nas dimensões é obtida pela retirada dos itens de estética “off-road” do Aircross, como parachoques bojudos, estribos e estepe pendurado na tampa do porta-malas, além da suspensão mais rebaixada. A retirada dos adereços lameiros também gerou uma redução de peso que chega a expressivos 85 kg na versão Exclusive do C3 Picasso, que totaliza 1.317 kg. Já o entre-eixos de 2,54 m é o mesmo do Aircross, assim como o motor 1.6 16V flex de 110/113 cv.

    Adereços à parte, a carroceria dos dois modelos é praticamente a mesma. Na frente curta, o capô é elevado, com ressaltos nas laterais que dão um aspecto “musculoso”. Os faróis ligeiramente protuberantes têm contornos irregulares e geométricos. Entre eles, a grande entrada de ar central horizontal com a borda cromada, que forma em seu centro o indefectível “double chevron” da Citroën. Sobre ele, deslocada para a direita, uma “assinatura” cromada do pintor espanhol que dá nome ao modelo acrescenta uma pitada de assimetria. Também chama a atenção o para-brisa panorâmico com amplas janelas espias na coluna da frente, no estilo da linha C4 Picasso. Na traseira bojuda, as lanternas verticais paralelas aos vidros têm contornos arredondados. A placa, deslocada para o lado direito da tampa do porta-malas, é envolvida por um retângulo em cor contrastante igualmente deslocado, que engloba também o “double chevron” traseiro e acrescenta irreverência ao conjunto. Para equilibrar visualmente, um outro “autógrafo” cromado de Picasso aparece no lado esquerdo.

    A versão básica GL do C3 Picasso sai com ar-condicionado, direção eletricamente assistida, vidros dianteiros e retrovisores externos com acionamento elétrico, travamento automático das portas, computador de bordo, porta-luvas refrigerado e chave tipo canivete com keyless, entre outros. A intermediária GLX acrescenta vidros traseiros elétricos, ajuste de altura do banco do motorista, rádio/CD/MP3 com comando no volante, mesas tipo avião nos encostos dos bancos dianteiros e as rodas de liga leve. E a GLX com câmbio automático ainda incorpora freios ABS com EBD e acendimento automático do pisca-alerta em caso de frenagem de emergência.

    A “top” Exclusive é a única que conta com airbag duplo de série – nas outras versões é opcional. Além disso, é equipada com alarme, controle de cruzeiro, ar automático, ajuste de altura dos encostos de cabeça traseiros, mesinhas tipo avião, rádio com Bluetooth e entrada USB, bancos e volante revestidos em couro, retrovisores externos cromados. A lista de opcionais da Exclusive se limita aos airbags laterais e ao navegador GPS com tela de 7 polegadas, instalado na parte central superior do painel. Além, é claro, do câmbio automático, opcional disponível também para a versão intermediário GLX. A faixa de preços do C3 Picasso vai dos R$ 47.990 na versão GL sem opcionais aos R$ 60.400 da Exclusive automática, sem os opcionais de airbags laterais e GPS.


Ponto a ponto


Desempenho - Os motor 1.6 flex, de 110/113 cv, é suficiente para mover com desembaraço os 1.267 kg do C3 Picasso e responde sem vacilações ao pedal do acelerador. A redução de peso em relação ao Aircross – o equivalente a um adulto a menos – aparentemente deixou a versão urbana mais “esperta” que a aventureira. Nota 8.

Estabilidade
- Apesar da altura de mais de 1,63 m, o C3 Picasso torce dentro da normalidade nas curvas e se mostra bastante equilibrado em velocidades normais. Nas freadas, o modelo mergulha dentro do aceitável. Nas retas, a comunicação entre rodas e volante se mostrou precisa. E a suspensão, rebaixada em relação à do Aircross, honra a boa tradição da marca francesa no setor. Nota 8.

Interatividade
  - A posição elevada de dirigir é otimizada pela excelente visibilidade dianteira e lateral, proporcionada pelo para-brisas panorâmico e pelas grandes janelas. A visibilidade traseira não é tão favorecida, mas não chega a comprometer. A maioria dos comandos está ao alcance das mãos e o volante oferece ajustes de altura e de profundidade. Nota 7.

Consumo  - A Citroën não fala em consumo, mas o computador de bordo durante o teste de apresentação, feito em sua maioria em circuito misto, apontou uma média de 7,9 km/l – a informação é que havia apenas etanol no tanque. Nota 7.

Tecnologia
- A plataforma é a mesma do C3 Picasso europeu, que é uma versão aperfeiçoada e alongada da arquitetura do C3 fabricado aqui. O motor e o câmbio são conhecidos e eficientes. Pena que os mais interessantes itens de segurança – como airbags e ABS – e de entretenimento só estejam disponíveis na versão Exclusive ou como opcionais. Nota 7.

Conforto
- A altura elevada e a ampla área envidraçada transmitem uma agradável sensação de amplitude. O vão para cabeças é bom para todos os ocupantes e motorista e passageiros desfrutam de bom espaço para pernas. A suspensão é mais baixa e tem o curso mais curto que a do Aircross. E o isolamento acústico se mostra bem eficiente. Nota 7.

Habitabilidade
- Os acessos são bastante fáceis, tanto na frente como atrás. Há uma quantidade razoável de porta-objetos, o porta-luvas é amplo e refrigerado e o porta-malas acomoda bons 403 litros, além de também ter boa acessibilidade. Nota 8.

Acabamento
- Revestimentos emborrachados e detalhes cromados ajudam a sofisticar o interior do C3 Picasso. Painéis, bancos e forrações usam materiais agradáveis ao toque e aos olhos. Fechamentos e encaixes são precisos e a impressão geral é de boa qualidade. Nota 8.

Design
- A estética de inspiração cubista do monovolume o deixa parecido com o novo Fiat Uno – em movimento e de relance, dá até para confundir os dois modelos na rua. Em ambos, as linhas angulosas e robustas incorporam detalhes assimétricos que dão um ar irreverente. Como o Uno, o design do C3 Picasso pode não conquistar a unanimidade, mas tem boa chance de seduzir muita gente. Nota 8.

Custo/benefício
  - O C3 Picasso começa em R$ 47.990 na versão GL sem opcionais e vai aos R$ 60.400 na “top” Exclusive, sem os opcionais de GPS e airbags laterais. Ou seja, se situa de forma competitiva entre os concorrentes Meriva,  SpaceFox,  Livina, Idea e Soul. Nota 7.

Total  - O Citroën C3 Picasso somou 75 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

Em nome do Pablo


por Luiz Humberto Monteiro Pereira


São Paulo/SP
- O C3 Picasso foi avaliado num circuito de pouco mais de 60 quilômetros, entre o bairro paulistano do Morumbi e o distrito de Granja Viana. Um trajeto bastante diversificado, que misturou trechos urbanos e rodoviários, sempre no asfalto, alternando retas e curvas, subidas e descidas. Ou seja, extamente o “habitat” ideal de um modelo de proposta urbana como o C3 Picasso. Algo bem distante das bravatas aventureiras do C3 Aircross. O modelo testado foi o intermediário GLX com câmbio manual, que segundo a Citroën, será oferecido por preços a partir de R$ 50.400.

    E o mais novo Citroën vendido no Brasil se saiu bastante bem. A transmissão manual é bem escalonada e otimiza eficientemente o trabalho do motor 1.6 16V de 110 cv/113 cv. As acelerações são ágeis e, apesar do torque máximo – 14,5 kgfm com gasolina e 15,8 kgfm com etanol – estar disponível apenas numa faixa de giros elevada – aos 4 mil rpm com gasolina e 4.500 rpm com etanol –, não é necessário reduzir as marchas muito frequentemente nas ultrapassagens e nos aclives. A sensação é que há uma agradável sobra de força no propulsor.

    Outro ponto de destaque do C3 Picasso é ter herdado uma das virtudes historicamente mais valorizadas nos modelos da Citroën – uma suspensão moderna e eficiente. Nas curvas, apesar da altura mais elevada que a dos automóveis convencionais, o novo Citroën se mostra bem equilibrado, sem menção de rolar a carroceria. Nas retas, o comportamento dinâmico se mantém neutro, sem sensações de flutuação.

    A direção, com seu singular desenho com a base retilínea, permite uma boa pegada. Os engates do câmbio não chegam a ser nada excepcionais, mas são corretos. O banco elevado e a ampla área envidraçada ampliam o campo de visão e a “percepção de domínio” do motorista. O ambiente no habitáculo é harmônico e aconchegante e as cinco entradas ar redondas, integradas às formas onduladas do painel, contrastam interessantemente com o aspecto anguloso que domina o exterior.

    Tudo bem adequado ao estiloso monovolume compacto, que ostenta não apenas uma, mas duas “assinaturas” cromadas do pintor mais famoso de todos os tempos – uma na dianteira, sobre a grade, outra na traseira, na tampa do porta-malas. Tal “redundância” até se explica. Afinal, a Citroën investiu bastante para adquirir da família Picasso os direitos de utilização do ilustre sobrenome. É compreensível que pretenda rentabilizar tal investimento “por todos os lados”.

Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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