17 de mar. de 2011

Dicas para não atolar

Dicas para não atolar

Um passeio de férias pode virar um pesadelo se o carro atolar no meio da viagem. Aprenda o que fazer para sair desse buraco 

Por Daniella de Caprio | Fotos: Marco de Bari

Não tem coisa melhor que aproveitar as férias para viajar. Porém, o que seria o passeio dos sonhos pode virar um verdadeiro pesadelo se a família ficar com o veículo atolado no meio do nada. Isso ocorre diariamente com muita gente, principalmente com os carros de passeio, que não possuem capacidade de tração suficiente para sair desse tipo de situação.
Como aconteceu com o vendedor Gian Pier De Caprio, que passou uma madrugada inteira dentro do carro com mulher, dois filhos e a sogra. “Já era de noite, tentei ligar para todo mundo, mas, como estávamos longe, ninguém poderia nos socorrer. Então, ficamos lá mesmo”, diz. Só às 6 da manhã ele conseguiu socorro do pessoal do sítio aonde ele ia. Vieram três pessoas acudir com um carro, uma corda e uma pá.

Além do estresse e de acabar com a viagem de qualquer um, o perigo de ficar dentro do carro à noite pode ser ainda mais traumático. Com algumas regras básicas, você pode sair facilmente do buraco e aproveitar as férias como elas devem ser.

Uma das situações mais comuns, por exemplo, é encalhar na areia a caminho da praia. Nesse caso, pare de acelerar forte, que só vai piorar. Se o carro não se mover, é hora de sair do volante e avaliar o problema. Procure um pedaço de madeira ou utilize a calota do carro para começar a limpar o caminho dos pneus, cavando um trilho para que sirva como rota de fuga. Se puder, alivie um pouco o peso do veículo. Caso tenha muitas malas, tire-as para facilitar o trabalho.

O próximo passo é utilizar o macaco. Com uma tábua ou alguma superfície mais resistente, apoie-o para ele não afundar e levante o carro até tirar a roda do chão. Caso ele erga o carro e o pneu continue na areia, utilize o método do “macaco baiano”. “Basta cavar o chão e pôr o macaco sob a roda para levantá-la. Depois, coloque folhas, pedaços de galho, jornal ou até o tapete do carro embaixo do pneu”, diz Eduardo Sachs, diretor técnico do Rally dos Sertões.

Você não encontrou pedaços de madeira ou jornal e não quer saber de estragar o tapete do carro? Então abra a mala e pegue uma roupa velha ou que possa ser “sacrificada”. Isso também ajuda. Agora é só entrar no carro e acelerar devagar, enquanto as outras pessoas vão empurrando com força.

Se você sabe com antecedência que vai encarar esse tipo de terreno, um boa dica é murchar o pneu antes de entrar na areia, baixando em geral para a metade do recomendado. Se a calibragem for 28 ou 30 libras, passe para 15. “A cada 10 segundos murchando o pneu, a pessoa baixa 1 libra em média. Com essa contagem, a pessoa deixa todos os pneus com a mesma calibragem”, diz Eduardo. Mas atenção: não se esqueça nesse caso de levar um compressor elétrico, desses que são ligados no acendedor de cigarro.

Ao entrar na areia, acelere e mantenha em marcha mais baixa. O importante não é velocidade e sim manter o giro do motor alto. Entre em segunda marcha, com 2 000 rpm, ou em primeira, com 4 000. Outro truque é também entrar na areia girando o volante de um lado para o outro. Conte “um, dois” e ao mesmo tempo gire um pouco para a direita, depois mais “um, dois” e vire para a esquerda. Quando for frear, faça sempre de forma suave, nunca bruscamente, para não cavar a areia ao parar e formar um buraco.

Para sair da lama, faça quase o mesmo. Se perceber que está atolando, pare, dê a ré o máximo possível e depois acelere para tentar vencer o obstáculo no embalo. Parou? Dê ré e repita a operação. “O importante é não ficar parado acelerando, porque assim se vai escorregando e atolando cada vez mais”, diz João Roberto Gaiotto, instrutor de cursos off-road.

Ao enfrentar a lama, você não pode ir devagar como na areia. Se entrar muito rápido ou muito devagar, ele vai parar. Use a segunda ou a primeira marcha com uma rotação média, algo entre 1 500 e 3 000 giros. Se encalhou de vez, cave o terreno e tire o barro que fica na roda e que está à frente do pneu. Coloque pedras, pedregulhos ou pedaços de madeira sob o pneu, pois, ao acelerar, ele sairá. Nesse caso, galhos, jornal e roupa de nada irão adiantar. “Às vezes, dá até para colocar o estepe embaixo da própria roda, para servir de apoio”, afirma Eduardo Sachs.



OLHA A MÃO! Empurrar um carro pode não ser tão fácil quanto você pensa. Colocar as mãos no meio da lataria, nas grades ou no farol não dará bom resultado. Evite empurrar pela parte plástica do veículo. Prefira pôr as mãos nas colunas, nos cantos e nas partes mais rígidas da estrutura.




TRAÇÃO TOTAL, SOLUÇÃO PARCIAL
Ter um 4x4 não significa que ele nunca atolará. Que as chances são menores, sim, é verdade, mas sempre há o risco, ainda mais com pneus de asfalto ou de uso misto. O importante é lembrar-se de engatar o 4x4 antes de entrar no terreno perigoso. “Se atolar, examine qual a profundidade do problema, se não tem um buraco mais fundo escondido embaixo da lama, se ele está preso pela barriga ou por um pneu só”, diz João Roberto Gaiotto. Com um 4x4, você entra no atoleiro um pouco devagar e depois acelera. Se entrar muito forte, é possível quebrar algo na parte da frente. “O veículo não pode entrar acelerando demais nem com marcha fraca. Se você errar, não vai dar tempo de puxar a marcha certa e ele provavelmente vai afundar”, diz Eduardo Sachs.




GUIA DE PREVENÇÃO

Há no mercado de off-road equipamentos que podem salvar sua viagem. Mais indicados para picapes ou utilitários esportivos, eles são úteis em terrenos com muita areia ou lama pela frente.


GUINCHO ELÉTRICO: é só prender o cabo numa árvore ou pedra grande (com a ajuda de uma cinta de náilon) e ligar, que ele puxa o carro sozinho. 3 575 reais


CINTA DE NÁILON: ideal para usar em volta de uma árvore, para ancorar o guincho. Também pode ser usada como uma corda para puxar o carro. Leve pelo menos duas, uma curta e outra longa. 55 a 75 reais (curta) e 130 a 375 reais (longa)


MANILHA: serve para conectar cintas, cabos de aço e cordas em pontos de ancoragem no veículo, árvores ou rochas. É prudente levar duas peças para uso e uma de reserva. 18 a 100 reais


PRANCHA OU ESTEIRA: feita de aço ou alumínio, forma uma trilha firme e de alto atrito para o veículo passar por cima. 1 380 a 1 840 reais


MACACO INFLÁVEL: versátil para içar qualquer carro ou SUV em até 70 cm em solos macios, como areia e lama. 675 a 1 130 reais


Fonte: quatrorodas
Disponível no(a):http://quatrorodas.abril.com.br/

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