Gostou de ler sobre os reis do Grupo B? Por coincidência, uma das estrelas daquele post é o assunto de um dos leilões mais aguardados dos últimos tempos: um dos 24 raríssimos Ford RS200 Evolution será leiloado pela RM Auctions na Flórida, com um lance inicial que nos faz seriamente pensar em mudar para Miami – e eliminar possíveis compradores.
Enquanto Sport Quattro, 205 T6 e Delta S4 visualmente não passam (meu deus, que pecado dizer isso) de versões marombadas dos carros que lhe deram origem, o exclusivo RS200 exibe linhas e proporções tão perfeitas que parece ter sido feito pela Ghia como a síntese do bólido ideal: frente afilada, rodas nas extremidades, entradas de ar delicadamente espalhadas pela carroceria e um perfil esportivo compacto e fluído que termina numa traseira arrebitada, agressiva mas sem exageros aerodinâmicos. Se um designer puro pudesse desenhar um carro de rali do jeito que achasse melhor, sem compromisso com nada nem ninguém, o resultado certamente seria parecido com o RS200. Ou com o Stratos. Ou o Lancia Rally 037.
Duzentas dessas máquinas foram feitas para a ruas para que o modelo de corrida pudesse ser homologado em competição. Eles são raros e valiosos, mas o exemplar que aparece aqui é ainda mais. Trata-se do RS200 Evolution, uma série de 24 carros originalmente encomendados para outra homolagação da FIA. O Evolution surgiu para suprir a única deficiência do RS200 no Grupo B: a relativa falta de potência que o impediu de conquistar vitórias em sua curta passagem pela categoria. Nas mãos de Brian Hart, o motor de quatro cilindros e 1,8 litro com turbo da Cosworth teve o deslocamento elevado para 2,1 litros, e passou dos 460 cavalos para picos de configuração com até 800 cavalos – embora diga-se que o normal para competições fossem “só” 600 cavalos.
Infelizmente, o RS200 Evolution surgiu no exato instante em que a FIA baniu o regulamento sem limites do Grupo B. Restaram os relatos de aceleração de 0 a 100 km/h em 2,1 segundos, os elogios à perfeita distribuição de peso (com motor central atrás dos ocupantes e o câmbio montado à frente), a suspensão e os freios ainda mais aperfeiçoados, e os tais 24 exemplares liberados para as ruas em 1986. Como o carro das fotos, com apenas 5.557 quilômetros rodados.
E se por fora ele é apaixonante, por dentro chega a ser covardia: dois lugares justos, bancos Sparco, uma série de relógios de medição, alavanca de câmbio bem na altura do volante esportivo (e uma alavanca menor para controlar a distribuição de tração entre os eixos dianteiro e traseiro), tudo com aquela fantástica mistura de simplicidade, competitividade e estilo vintage.
Toda a parte traseira da carroceria abre para cima, e deixa expostos a estrutura tubular, a suspensão double wishbone com amortecedores duplos, o estepe montado em posição central e o fabuloso Cosworth BDT-E turbinado. O mais incrível de tudo? Estão estimando o preço entre 80 e 120 mil dólares para o leilão que será realizado no dia 12 de março. Tentador, mas melhor não cair na ilusão: a menos que todos os colecionadores do mundo tenham suas contas bloqueadas e seus bens confiscados, aposto que esse valor vai se multiplicar algumas vezes. São apenas 24 carros. Feitos para o Grupo B. E com um estilo que jamais veremos novamente.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br
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