16 de fev. de 2011

Dissecando o teste de Bruno Senna por Rafael Lopes

seg, 14/02/11
por Rafael Lopes |

Bruno Senna no teste com o R31
Vou postar uma análise dos testes aqui no Voando Baixo mais tarde, mas é importante abordar o teste de Bruno Senna com a Renault-Lotus em separado. Muito foi falado sobre a diferença de tempo entre ele e o alemão Nick Heidfeld, que andou no sábado e é o favorito a assumir a vaga de Robert Kubica na equipe. Como todo mundo já sabe, o polonês sofreu um grave acidente no rali “Ronde di Andora” e deve perder boa parte da temporada 2011. O brasileiro ficou aproximadamente 1s1 atrás do experiente piloto na comparação dos tempos.

Mas o que este número significa? Não muita coisa, digo. Antes de tudo, a Renault-Lotus programou o mesmo programa de testes para ambos os pilotos. E a diferença de tempo? É simples de entender: Heidfeld deu 86 voltas e não teve problemas mecânicos em seu teste. Ele, inclusive, pôde fazer um stint curto, de oito voltas, onde marcou seu melhor tempo. Bruno não teve a mesma oportunidade. Seu carro sofreu com problemas e a equipe precisou mantê-lo nos boxes por três horas após o almoço. Para completar, os últimos 40 minutos do dia ainda tiveram algumas bandeiras vermelhas e chuva, o que inviabilizou a tentativa dele com menos combustível.
Inclusive, Bruno e Heidfeld marcaram tempos muito parecidos. Com pneus duros, viraram 1m21s9 (SEN – 1m21s990 x HEI 1m21s933). Com os macios, a diferença ficou em 130 milésimos (SEN – 1m21s400 x HEI 1m21s270). Por causa dos problemas, o brasileiro só usou um jogo de pneus novos, enquanto o alemão pôde usar mais. Quero deixar claro que não estou dizendo que Heidfeld foi favorecido, muito pelo contrário. São circunstâncias normais em testes. Até por causa disso, não dá para minimizar o desempenho de Bruno Senna.
Bruno Senna no teste com o R31
Isto posto, outras coisas precisam ser esclarecidas, como a questão do “vestibular” que pode não ter existido na prática, mas Eric Boullier, chefe da Renault-Lotus, deixou bem claro que existiria quando elegeu Heidfeld, Senna e Vitantonio Liuzzi como principais candidatos à vaga de Kubica. O problema é que o dirigente é uma pessoa daquele tipo conhecido como morde-assopra. Ele fala o que interessa mais ao seu interlocutor. Então mudou de ideia como mudou de roupa. Simples assim. Na prática, os testes serviram mais para a avaliação de Heidfeld, que se saiu muito bem, por sinal. Bruno também. E, com isso, ganhou pontos dentro da equipe.
Vocês podem me perguntar: “Ah, mas você apostaria no Bruno para liderar a equipe?” E respondo que não. A aposta da Renault-Lotus em Heidfeld é a mais óbvia, já que existe a esperança de que Kubica retorne ainda neste ano. O alemão tem experiência no desenvolvimento de carros, ao contrário de Senna, que fez no domingo sua segunda sessão de testes em sua carreira (o primeiro foi com a extinta Honda, no fim de 2008), já que a Hispania não fez um treino sequer fora das corridas no ano passado. É lógico que o know how do veterano fará a diferença na evolução do R31, que conta com o inovador escapamento dianteiro.
Escrevi mais acima que Bruno ganhou pontos dentro da equipe. E é verdade. Ele mostrou que pode ter regularidade na pista e também ser rápido. O teste em Jerez reafirmou sua posição como principal reserva da Renault-Lotus e não se surpreendam se ele ganhar mais algumas oportunidades nas atividades em Barcelona e no Bahrein. Um item importante, pouco destacado por aqui: Bruno foi pouco mais de um segundo mais rápido que o russo Vitaly Petrov, o outro titular. Só por aí já dá para ver a qualidade de seu trabalho no domingo em Jerez de la Frontera. O resto é papo para os corneteiros de plantão, que são muitos por aqui.
Fonte: voandobaixo
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo

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