Chevrolet S10 LT com motor diesel e tração 4X4 é “cavalo de força” com pitada de conforto
por Igor Macário
Auto Press
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Um dos artifícios usados pelas
fabricantes para conseguir elevar as vendas de um modelo é apostar na
variedade de versões. É por aí que a Chevrolet consegue ganhar mercado
para a S10. A líder de vendas do segmento de picapes médias tem nada
menos que seis versões, com duas opções de motorização e de tração.
Nessa lista, a variante LT cabine dupla com motor diesel e tração 4X4 é a
segunda na “hierarquia” da gama de picapes, abaixo apenas da topo de
linha LTZ. Por R$ 114.190 com câmbio manual – cerca de R$ 25 mil a
menos que a LTZ –, ela oferece um pacote que inclui equipamentos
importantes de série. Um dos mais relevantes é a valentia para encarar
tanto trabalho pesado, com caminhos tortuosos e muita lama. De quebra, a
S10 LT ainda proporciona algum conforto para levar as crianças na
escola ou ir ao supermercado.
A versão é animada pelo motor diesel de
2.8 litros turbo CTDI que rende bons 200 cv a 3.600 rpm e 44,9 kgfm a 2
mil giros. Acoplado a ele, um câmbio manual de seis marchas, renovado na
linha 2014, apresentada ainda em setembro de 2013. A transmissão foi
modificada para tentar diminuir o nível de aspereza do conjunto e teve
as marchas reescalonadas, a fim de aproveitar melhor a força do motor.
Ainda há opção pelo câmbio automático, também de seis relações, que
eleva em R$ 4.100 o preço da picape. Com ele, o torque é elevado aos 51
kgfm. Independentemente da transmissão, o desempenho é compatível com o
segmento: aceleração de zero a 100 km/h em cerca de 12 segundos e máxima
de 180 km/h limitada eletronicamente.
O visual é basicamente o mesmo de
qualquer S10 de cabine dupla e pouca coisa indica a versão LT. Por fora,
apenas as rodas de liga-leve em 16 polegadas – em vez das de 17 da LTZ –
mostram que se trata de uma S10 mais simples. As linhas robustas e bem
resolvidas do modelo se mantém, com a frente alta e faróis algo
pequenos, mas que formam um pacote esteticamente agradável. A ausência
também de cromados na carroceria deixam a picape com um ar mais rústico,
condizente com o potencial do modelo. É um veículo grande, com 5,34 m
de comprimento e 3,09 m de entre-eixos, que chama atenção mais por isso
do que por algum arroubo de design. Atrás, toques estudadamente
rústicos, como as lanternas verticais grandes e o enorme logo da
Chevrolet ao centro da tampa da caçamba.
O interior também é outro ponto onde se
nota o jeito simples do modelo. Os revestimentos são similares aos de um
carro de entrada, sem opção por couro nos bancos ou superfícies
emborrachadas no painel – algo que depõe contra os R$ 114.190 pedidos
pelo modelo com câmbio manual. Ainda que itens como ar-condicionado,
trio elétrico, direção hidráulica, o sistema MyLink e até controlador de
velocidade de cruzeiro sejam de série, o conjunto ainda é um tanto
espartano em relação ao valor cobrado. A S10 LT diesel 4X4 ainda é mais
cara que a principal rival, a Ford Ranger XLS, que consegue os mesmos
200 cv de um cinco cilindros diesel e custa R$ 112.690. A Nissan pede
mais contidos R$ 108.190 por uma Frontier SV Attack e a Mitsubishi ainda
oferece uma L200 Triton GLS por R$ 101.900.
Impressões ao dirigir
Rugido sob controle
Logo ao assumir o comando da S10 LT, a
cabine deixa claro de que se trata de uma versão mais simples da gama.
Há equipamentos interessantes, como o MyLink – igual ao de Onix e Prisma
e com menos funções que o aparelho da versão LTZ –, e itens de conforto
como conjunto elétrico e ar-condicionado. Mas a atmosfera expressa
pelos bancos em tecido e o painel cinza, todo em plástico rígido, é
quase a de um veículo de trabalho. Os ruídos e trepidações do motor
diesel, sempre presentes, reforçam esse aspecto mais “proletário”. Ao
menos, tudo é bastante funcional. Os principais comandos são
praticamente à prova de erros e bem posicionados. O único mimo é o
controlador de velocidade de cruzeiro, facilmente acionado pelos botões
no volante. A cabine também é espaçosa e bem iluminada, sensação
reforçada pelo revestimento claro usado no interior.
Um motor 2.8 litros turbodiesel de 200
cv não poderia ter mesmo qualquer dificuldade para movimentar a picape.
Os 44,9 kgfm de torque estão disponíveis por inteiro a 2 mil rotações e
conseguem dar à S10 um desempenho bastante convincente. Apenas abaixo de
1.500 giros sente-se uma sutil indefinição do trem de força, sensação
ligeiramente acentuada pelo curso longo do acelerador, que demanda uma
“pisada” com mais decisão para tirar a caminhonete da inércia – o
“efeito colateral” é fazer ecoar um ronco quase intimidador ao redor da
picape. O câmbio manual de seis marchas é bem escalonado e aproveita bem
a força do motor, mas tem engates um tanto duros – ainda que precisos. A
transmissão exige mãos firmes e que conduzam a alavanca em cada troca.
A direção com relação desmultiplicada e a
altura da carroceria desencorajam qualquer tipo de condução muito
entusiasmada – ainda que o motor até tenha força para tal. A S10 inclina
sem muita cerimônia em curvas mais fechadas e os pneus cantam, acusando
um limite de estabilidade bem justo. Ainda assim, respeitadas as
características do modelo, a S10 dificilmente dará algum susto no
motorista, mesmo sem controles eletrônicos de estabilidade e tração –
presentes somente na “top” LTZ.
Ficha técnica
Chevrolet S10 LT 2.8 CTDI diesel
Motor: Diesel,
dianteiro, longitudinal, 2.776 cm³, turbo, com intercooler, com quatro
cilindros em linha e 16 válvulas. Injeção direta e acelerador
eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma atrás. Tração integral com seletor eletrônico rotatório.
Potência máxima: 200 cv a 3.600 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 10,3 segundos.
Velocidade máxima: 180 km/h.
Torque máximo: 44,9 kgfm à 2 mil rpm.
Diâmetro e curso: 94,0 mm X 100,0 mm. Taxa de compressão: 16,5:1.
Suspensão: Dianteira
independente, com braços articulados, molas helicoidais, amortecedores
hidráulicos e pressurizados e barra estabilizadora. Traseira com feixe
de molas semielípticas de dois estágios e amortecedores hidráulicos e
pressurizados.
Ângulo de ataque: 30,7º.
Ângulo de saída: 16,1º.
Pneus: 245/70 R16.
Freios: Dianteiros por discos ventilados e traseiros a tambor. ABS com EBD de série.
Carroceria: Picape
montada sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares. Com 5,34
metros de comprimento, 1,88 m de largura, 1,82 m de altura e 3,09 m de
distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Altura mínima do solo: 22 cm.
Peso: 2.061 kg.
Capacidade da caçamba: 1.061 litros.
Tanque de combustível: 76 litros.
Produção: São José dos Campos/SP, Brasil.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Airbags
frontais, ABS com EBD, faróis de neblina, seletor eletrônico de tração,
sistema de deslizamento limitado do diferencial, trio elétrico, rodas
de liga leve de 16 polegadas, ar-condicionado, direção hidráulica,
computador de bordo, cruise control e sistema My Link com tela de sete
polegadas.
Preço: R$ 114.190.
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