Encontrar um Puma GT “tubarão” a venda não é uma tarefa difícil. Os classificados online estão cheios deles. Difícil mesmo é encontrar um deles nas especificações originais, e se for um modelo GT 1500 da primeira série, a tarefa é quase impossível. Quase, mas não impossível, pois foi exatamente um desses que encontramos dando sopa no Mercado Livre.
A sopa é cara, mas parece saborosa, afinal, quantos Puma GT 1500 da década de 1960 você já viu a venda? Aposto que muitos de vocês nem conheciam o carro — o que não é problema algum, afinal, segundo os clubes do Puma espalhados pelo Brasil, foram feitas apenas 423 unidades do modelo e isso foi há 45 anos. Imagine quantos desses restaram.
O Puma GT 1500 foi o primeiro modelo da Puma com base Volkswagen. Antes dele, havia apenas o Puma GT com mecânica DKW. A mudança de plataforma se deveu ao encerramento da produção da DKW depois da compra da marca pela Volkswagen.
Assim, a Puma fez um novo projeto, sugestivamente batizado de P2, e adotou a plataforma do Karmann-Ghia com o chassi encurtado e seu conjunto de motor e câmbio originais, porém alimentado por dois carburadores Solex 32 e coletores especiais. Ele gerava modestos 60 cv, mas o carro pesava apenas 640 kg com a nova carroceria de fibra de vidro e o chassi Volkswagen.
Este modelo 1968 que encontramos à venda é, certamente, uma das primeiras unidades produzidas — algo que pode ser descoberto com precisão pela plaqueta de identificação do carro (veja a foto). O vendedor conta que o carro foi completamente restaurado segundo às especificações originais, o que inclui as rodas sem janelas e as raras calotas cromadas com borboletas que imitam o sistema de cubo rápido.
Vários outros detalhes revelam o cuidado na restauração, como o forro de teto no padrão original, o painel com instrumentos originais e o acabamento de madeira laminada clara (marfim), e o volante Fórmula 1. Por fora ele tem as lanternas de Chevrolet C-10, ainda iguais às usadas no antecessor Puma GT DKW, e as famosas bolhas dos faróis. A melhor parte: o carro ainda não rodou depois da restauração.
O único detalhe que pode deixar alguma dúvida é a tonalidade da pintura. A Puma só adotou um catálogo próprio de cores a partir de 1976; antes disso ela usava as cores das demais fabricantes nacionais. A edição de dezembro de 1968 da revista Quatro Rodas conta que as opções de cores eram as mesmas da linha Porsche: branco, tangerina, amarelo-limão, vermelho e verde-alface. Aparentemente o carro das fotos usa o Vermelho Cereja da Volkswagen, muito comum no Karmann-Ghia, resta saber se era esta a tonalidade oferecida pela Puma, se havia vários matizes de vermelho ou se a cor foi escolhida pelo gosto do restaurador dentro das opções de pintura vermelha de 1968.
Agora, a resposta para a pergunta que todos vocês já devem estar fazendo desde o começo do post: o carro está anunciado por R$ 60.000. É um valor alto? Talvez sim, talvez não. Não é uma questão de ficar em cima do muro, mas carros antigos e restaurados exigem muito conhecimento do comprador e atenção aos detalhes — e muitas vezes isso ainda não é suficiente, afinal, você está comprando um carro restaurado por outra pessoa.
Mas supondo que o modelo tenha passado por uma restauração completa e minuciosa, o que aparentemente aconteceu, o que temos aqui é um dos primeiros exemplares da linhagem mais famosa de esportivos fora-de-série nacionais, entregue em excelente estado de conservação. Se exemplares menos originais e mais populares chegam a custar 1/3 deste valor, talvez seja mesmo um preço razoável.
[Anúncio no Mercado Livre; dica do leitor Matheus Hernandes]
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