Ele foi restaurado, modificado e preparado pela Pure Vision Design e, além de maravilhoso, este Mustang tem uma baita história que a gente aposta que você não conhecia.
O ano era 1965. Com o sucesso do
lançamento do Mustang nos EUA no ano anterior, a Ford esperava promover o
carro na Europa através do automobilismo. Logo de cara o Mustang
conseguiu uma dobradinha em sua categoria no rali Tour de France
Automobile no ano anterior com a ajuda da Holman & Moody, e o alto
escalão da Ford promoveu uma reunião para discutir a melhor forma de se
envolver mais com o automobilismo europeu. Depois de um encontro ao
acaso com a Martini & Rossi (que mais tarde fundaria a Martini
Racing), as duas companhias decidiram unir forças para construir um
Mustang de corrida que pudesse competir em ralis. Com a Martini &
Rossi fornecendo os recursos financeiros, a Ford enviou para a Europa um
Mustang Fastback 1966 equipado com peças do Shelby GT350R e o motor de
comando quádruplo usado pela Ford na Fórmula Indy para testes de longa
duração. Como a versão de exportação do Mustang era conhecida como T-5, o
novo carro de corrida foi chamado de T-5R.
Que bela história, não é mesmo? Pena que nada disso é verdade. Steve Strope é dono da Pure Vision Design, e ele inventou a história toda para acompanhar o Mustang modificado pela oficina. Ele diz que cria uma história para cada um de seus projetos, e nós não vemos nada de errado com isto — na verdade, imaginamos que isto o ajuda a se inspirar para criar seus carros e não ficar apenas correndo atrás de números. Fica tudo mais parecido com arte.
Mas só de olhar para ele dá para perceber que a precisão técnica não foi ignorada. Vamos dar uma olhada nas modificações:
O lado de fora deste Mustang Fastback 1966 foi transformado em uma mistura de Shelby GT350 e carro de rali, com várias peças em fibra de vidro, suspensão ligeiramente rebaixada e faróis auxiliares. As entradas de ar laterais, por sua vez, são totalmente Shelby, e o Spoiler dianteiro vem de um Mustang 69.
As rodas foram feitas sob medida e inspiradas no monoposto Lotus/Ford 38, usado por Jim Clark nas 500 Milhas de Indianápolis de 1965. Por dentro, bancos concha forrados com um maravilhoso couro azul decoram o interior depenado, apenas com o essencial para um carro rápido — mas com visual de época. E, claro, em sintonia com as cores da Martini do lado de fora.
A parte mais espetacular do carro é o obscuro motor Ford Indy 4 cam, V8, todo de alumínio, praticamente o mesmo motor que equipou o Lotus de Jim Clark em sua vitória na edição de 1965 da Indy 500. Com 430 cv e 50 mkgf, o motor teve a cilindrada ampliada de 250 cm³ (quatro litros) para 291 cm³ (4,8 litros) para aumentar o torque em baixa rotação, embora isso tenha reduzido a faixa de corte, que fica entre 7.500 e 9.000 rpm (!!). Para dosar toda essa maldade mecânica há uma caixa manual de quatro marchas que foi banida da NASCAR por ser leve demais.
Talvez este seja o Mustang mais sensacional que já vimos, e só nos deixa imaginando o que teria acontecido se a Ford tivesse mesmo decidido levá-lo para correr na Europa.
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