22 de jun. de 2013

O McLaren MP4-12C vai mudar sua vida


mclaren mp4-12c (1)
A grama parece mais verde. O sol, mais brilhante. Os sons, mais cristalinos. As flores, mais cheirosas. Sou um homem transformado. Tudo porque dirigi o McLaren MP4-12C. Ele está em um nível totalmente diferente de qualquer outro carro que eu já dirigi, e quem disser que ele é um carro sem graça não sabe do que está falando.

Já testamos o 12C cupê e o conversível, e ambos estão entre os melhores que já passaram pelo Jalopnik. Fui dirigi-lo de novo porque vi em outras publicações e na TV (leia-se: Top Gear) que o carro é incrível do ponto de vista técnico, mas também meio chato. Como assim, um carro de 624 cv chato? Eu tinha que descobrir.
Já disseram que ele não tem a mesma conexão emocional com o motorista de uma Ferrari 458 ou Lamborghini Gallardo. Que tem computadores demais, e que não te faz se sentir parte da equação.
Já disseram que ele não tem a mesma conexão emocional com o motorista de uma Ferrari 458 ou Lamborghini Gallardo. Que tem computadores demais, e que não te faz se sentir parte da equação.
mclaren mp4-12c (2)
Isto é besteira. Das grandes. O 12C é uma das máquinas mais envolventes e recompensadoras que já pude guiar. As pessoas precisam parar de citar o Jeremy Clarkson e o Top Gear como se ele fosse o papa.
Eu dirigi as duas versões do 12C, e qualquer um que disser que sente diferença entre o cupê e o conversível está mentindo. Ambos foram desenvolvidos simultaneamente, e a perda de rigidez estrutural foi praticamente zero. O conversível só pesa 35 kg a mais que o cupê por causa do mecanismo do teto.
Na verdade eu entrei em um carro sem olhar para o teto (todos os carros estavam com a capota levantada), dei algumas voltas, e descobri duas horas depois que era um cupê porque alguém disse. Sério.
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Passei o dia todo com o carro na pista, e a primeira coisa que percebi foi a ótima suspensão do 12C.
Monticello tem essa curva à esquerda dolorosamente longa, com ponto de tangência bem atrasado, em uma ladeira. É preciso ter manha. Em todos os carros que eu já testei ali, você precisa abrir bastante para entrar, porque tem um caroço no asfalto que desestabiliza totalmente o carro antes da curva. Acertá-lo do jeito errado pode acabar arruinando toda sua curva, estragando a entrada, te fazendo perder o ponto de tangência e comprometendo sua saída para a reta. É importantíssimo acertar nessa curva.
Mas no 12C, esse caroço simplesmente não existe. Não estou dizendo que o carro torna a pista macia como Mickey Mouse fez em Fantasia, mas a suspensão hidráulica reage à mudança no piso tão rapidamente que você não precisa abrir muito na entrada. E assim, atacar a curva de um jeito que não dá pra fazer em nenhum outro carro.
mclaren mp4-12c (4)
A capacidade que o carro tem de dar fim em irregularidades não quer dizer que a experiência ao volante é menos envolvente. Na verdade, é o oposto. A capacidade de compensar uma imperfeição permite que você desenhe um traçado mais rápido na curva, o que te permite chegar mais perto do ponto de tangência, o que por sua vez te permite acelerar mais cedo e sair da curva mais rápido. O carro te deixa fazer isso, mas é você que tem que aproveitar.
E, uma vez na curva, o carro gruda. A maior parte deo tempo eu usei os modos “Normal” e “Sport”, com uma breve incursão no modo “Track”. Comparando com este último, o carro parece uma Mercedes no modo “Normal”. Dá para perceber a rolagem da carroceria e o carro demora mais para chegar ao ponto de tangência. Não estou dizendo que ele se comporta como uma banheira da Cadillac. É mais como o segundo tempo mais rápido de Usain Bolt nos 100 metros rasos.
E, falando em 100 metros rasos, a largada desse carro é biblicamente rápida. Aperte o botão “launch”, pé esquerdo no freio, pise fundo, e o carro sobe o giro enquanto a turbina enche (nota: o som disso tudo é incrível e eu disse à McLaren para que fizessem um toque de celular com ele. Eu baixaria). Quando você solta o freio, você decola pelo espaço-tempo com uma força que só os astronautas e poucas pessoas experimentam.
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Minha única reclamação é que, em frenagens mais fortes, o carro meio que dança. O ABS é desativado bem cedo e o carro fica meio nervoso nas estradas de curva quando se sai de uma velocidade muito alta. Talvez tenha algo a ver com o freio aerodinâmico.
Mas o que dizem é verdade: o carro faz muita coisa por você. Componentes eletrônicos corrigem acelerações e freiam rodas para fazer o carro rodar. A suspensão se ajusta constantemente. A transmissão consegue fazer um serviço melhor no modo automático que você no manual. Mas o carro não transforma um piloto imediatamente em um herói. Gosto de pensar que sou razoavelmente capaz na pista, mas estou longe de ser um profissional.
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Havia um piloto profissional e colega jornalista na pista em um dos carros, e ele foi muito melhor do que eu. Eu já dirigi com/contra ele antem, e em alguns carros a gente já ficou bem próximo. O 12C não é um desses carros.
Os pilotos razoáveis (eu) conseguem ser rápidos com o 12C, mas os profissionais (ele) podem aproveitar muito mais. É um carro que oferece tanto ao piloto que até alguém que esteja na média, ou até acima da média, não conseguirá chegar ao limite do carro ou atingir todo o seu potencial. Quando eu conseguia uma curva perfeita com ele, a experiência era como ganhar um prêmio. Quando errava o ponto de tangência, o 12C não perdoava e não compensava meu erro. Ele me punia pelo resto do trecho por eu ter estragado a última curva. Ele não me batia, era mais como seu pai te dizendo “estou decepcionado com você”.
Doeu.
E para quem diz que o visual não é apaixonante, que o ronco é sem graça, e que o 12C te faz sentir dirigindo um computador e não te faz se sentir em um carro especial, ou você está falando da boca para fora ou está tão mal acostumado que nada mais te impressiona nesse mundo.
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Os engenheiros da McLarem me disseram que as pessoas costumam reclamar da falta de um câmbio manual nos carros, mas que os primeiros que dirigiram o 12C reclamaram que as borboletas, que foram feitas para passar uma sensação mecânica, era “pesada demais” nos primeiros carros. E eles tiveram que deixá-las mais leves. Pois é, este é o mundo em que vivemos.
Até onde eu sei, o 12C é o melhor carro que eu já dirigi. Tem a melhor suspensão, a melhor dinâmica, as melhores frenages e a melhor qualidade de construção que eu já vi. É lindo, a engenharia é irrepreensível, e tudo nele é simplesmente brilhante. Eu quero tanto um que venderia meus pais para poder comprar (desculpa mãe e pai).
Se você não se impressionar com o McLaren depois de testá-lo, você não é humano ou precisa mesmo reconsiderar sua vida inteira.
Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/

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