Conversamos com pilotos, dirigentes e jornalistas do meio, e descobriu os principais candidatos; entrave pode ser a má divulgação da própria categoria
Até 2011, quando se perguntava quem era o principal “astro” da
Indy, a resposta muito provavelmente seria “Danica Patrick”. Apesar dos
títulos de Dario Franchitti, Scott Dixon e Tony Kanaan, das vitórias de
Hélio Castroneves nas 500 Milhas de Indianápolis e do assombro que Will
Power provocava com seu desempenho em circuitos mistos, era a pequenina
americana de 1 metro e 57 centímetros quem mais chamava a atenção em
todo o grid.
Primeira mulher a vencer uma prova na categoria, Danica possuía uma espécie de pêndulo que balouçava entre o carisma e a empáfia. Mas não deixava de cativar o público com seu charme, sua personalidade forte, sua beleza, sua fotogenia e, claro, com o fato de ter eventuais resultados de destaque em um esporte quase sempre dominado por barbados que se arrogam por viver enlambuzados de graxa.
Ao final da penúltima temporada, no entanto, a musa da categoria não resistiu aos encantos da Nascar, que possui muito mais visibilidade e, consequentemente, volume sensivelmente maior de dinheiro movimentado no mercado americano, e deixou a série de monopostos órfã de uma referência midiática.
Passado um ano e meio de sua saída, seria errado afirmar que já há um substituto à altura, mas é certo que existem, ao menos, bons candidatos ao posto. Um deles está pilotando exatamente o carro que era de Danica na Andretti, inclusive mantendo a mesma pintura verde limão, proveniente do patrocínio da empresa de hospedagem de sites Go Daddy.
Canadense, James Hinchcliffe vem da forte escola que formou nomes como Jacques Villeneuve e Greg Moore para o automobilismo dos Estados Unidos, e começou a provar seu real talento justamente nesta temporada, com duas contundentes vitórias em São Petersburgo e aqui no Brasil. Além disso, o piloto de 26 anos é a menina-dos-olhos de qualquer marketeiro: extrovertido, naturalmente engraçado e descontraído em frente às câmeras, ele consegue atrair atenções em qualquer ação promocional. Qualquer mesmo.
Conforme frisou o próprio Hinchcliffe, em entrevista exclusiva ao Tazio durante a etapa de São Paulo, no começo do mês, a consolidação de seu nome como uma referência no campeonato e no automobilismo não seria encarada por ele como um “fardo”. Porém, tal processo deve passar pela formação de sua própria identidade, desvinculando-o inclusive da pecha de “substituto da Danica”.
“Mais do que qualquer coisa, sei que sou mais eu na pista do que qualquer outro piloto é. Então não é uma grande responsabilidade [ter apelo midiático], pelo menos eu não acho. Se meus fãs gostam e interagem, é mais um ponto positivo”, disse.
“É bastante importante tentar separar nossas personalidades. Sempre tentam nos comparar, mas eu nunca serei o que a Danica é, e nunca farei o que Danica fez. Eu tenho que fazer as coisas por mim mesmo, tento ser eu mesmo e me divertir com isso. Nós fizemos um comercial, nos divertimos muito juntos, mas somos pessoas diferentes. Ela tem o carro dela, eu tenho o meu, ambos somos da mesma família, ambos dirigimos um Go Daddy, mas tentamos fazer essa separação”, frisou.
Questionado sobre como lida com a situação de fazer coisas engraçadas fora do carro e, cinco minutos depois, ter de se concentrar 100% em sua atuação na pista, o canadense ressaltou que a mudança vem de forma natural. “Mesmo que eu seja palhaço fora da pista, eu levo meu trabalho muito a sério. Quando se está em uma corrida, com alguém te pressionando para ultrapassar, você precisa se manter sério. Então é bom, porque eu posso brincar quando quero, mas consigo ser sério quando preciso”, acresceu.
Junto com Hinchcliffe, quem mais poderia exercer esse papel? Para o vice-presidente executivo da Indy, Greg Gruning, a categoria está muito bem munida de opções nesse sentido. “Em comparação com a Nascar e a F1, temos algumas estrelas ascendendo: James Hinchcliffe é uma personalidade inacreditável. Ryan Hunter-Ray, nosso atual campeão, vem evoluindo ano após ano. Takuma Sato é uma das figuras mais populares do Japão e isso que ele fez, vencer a corrida de Long Beach, foi absolutamente incrível”, apontou ao Tazio.
“Portanto, se você olhar para esses caras, vai ver que temos bons novos nomes que ajudam a construir nossa marca. E são excelentes pilotos. Temos visto isso do ponto de vista competitivo. Acho que, no que se refere aos pilotos, não poderíamos estar mais bem servidos.”, defendeu.
O jornalista Marshall Pruett, que cobre o campeonato para o site do canal Speed e foi engenheiro de diversos times nos anos 80 e 90, concordou sobre a presença do campeão Hunter-Reay na lista de Gruning, mas criticou a forma errônea como os próprios organizadores promovem suas estrelas.
“Não há motivo para Hunter-Reay não ser essa pessoa, mas isso requer um esforço muito maior de marketing para fazer acontecer. Os pilotos da Indy, para mim, são heróis. Eles fazem coisas fantásticas que muitos outros pilotos não conseguem. Todas as pistas diferentes onde eles correm], todos os tipos de experiência que eles vivenciam…”, enalteceu.
“A categoria e seus patrocinadores, na maior parte do tempo, não estão fazendo seu trabalho direito, não estão deixando que o mundo conheça quem são esses pilotos e o quão especiais eles são. Há diversos competidores que podem e deveriam ser melhor promovidos”, salientou.
Para o brasileiro Tony Kanaan, tal promoção pode vir de forma natural com as figuras que tenham potencial para tal, desde que a Indy galgue mais espaço dentro do próprio mercado americano e mundial. “Isso [um ícone na Indy] vai se construir. Os nomes vão trocando, mas sempre vai ter alguém que dá notícia. Sempre vai ter alguém como o piloto mais querido, ou o que ninguém gosta, ou o que ganha mais corridas. É um ciclo que sempre vai acontecer. Você não precisa achar ninguém. Os talentos estão lá”, declarou.
“[Mas] Eu já falei isso. Não adianta ter o Michael Schumacher se não divulgar. Volto para a televisão: a Indy tem personalidade suficiente para cobrir tudo. Tem o Kimi Raikkonen da vida, que é o [Scott] Dixon, tem o Dario [Franchitti], que é um piloto rápido, mas não está nem aí para entrevista. Tem uma mulher que acelera para caramba, que é a minha companheira de equipe [Simona de Silvestro]. Tem um canadense bom, que é o Hinchcliffe. Tem brasileiros bons. Tem tudo”, concluiu.
Primeira mulher a vencer uma prova na categoria, Danica possuía uma espécie de pêndulo que balouçava entre o carisma e a empáfia. Mas não deixava de cativar o público com seu charme, sua personalidade forte, sua beleza, sua fotogenia e, claro, com o fato de ter eventuais resultados de destaque em um esporte quase sempre dominado por barbados que se arrogam por viver enlambuzados de graxa.
Ao final da penúltima temporada, no entanto, a musa da categoria não resistiu aos encantos da Nascar, que possui muito mais visibilidade e, consequentemente, volume sensivelmente maior de dinheiro movimentado no mercado americano, e deixou a série de monopostos órfã de uma referência midiática.
Passado um ano e meio de sua saída, seria errado afirmar que já há um substituto à altura, mas é certo que existem, ao menos, bons candidatos ao posto. Um deles está pilotando exatamente o carro que era de Danica na Andretti, inclusive mantendo a mesma pintura verde limão, proveniente do patrocínio da empresa de hospedagem de sites Go Daddy.
Canadense, James Hinchcliffe vem da forte escola que formou nomes como Jacques Villeneuve e Greg Moore para o automobilismo dos Estados Unidos, e começou a provar seu real talento justamente nesta temporada, com duas contundentes vitórias em São Petersburgo e aqui no Brasil. Além disso, o piloto de 26 anos é a menina-dos-olhos de qualquer marketeiro: extrovertido, naturalmente engraçado e descontraído em frente às câmeras, ele consegue atrair atenções em qualquer ação promocional. Qualquer mesmo.
Conforme frisou o próprio Hinchcliffe, em entrevista exclusiva ao Tazio durante a etapa de São Paulo, no começo do mês, a consolidação de seu nome como uma referência no campeonato e no automobilismo não seria encarada por ele como um “fardo”. Porém, tal processo deve passar pela formação de sua própria identidade, desvinculando-o inclusive da pecha de “substituto da Danica”.
“Mais do que qualquer coisa, sei que sou mais eu na pista do que qualquer outro piloto é. Então não é uma grande responsabilidade [ter apelo midiático], pelo menos eu não acho. Se meus fãs gostam e interagem, é mais um ponto positivo”, disse.
“É bastante importante tentar separar nossas personalidades. Sempre tentam nos comparar, mas eu nunca serei o que a Danica é, e nunca farei o que Danica fez. Eu tenho que fazer as coisas por mim mesmo, tento ser eu mesmo e me divertir com isso. Nós fizemos um comercial, nos divertimos muito juntos, mas somos pessoas diferentes. Ela tem o carro dela, eu tenho o meu, ambos somos da mesma família, ambos dirigimos um Go Daddy, mas tentamos fazer essa separação”, frisou.
Questionado sobre como lida com a situação de fazer coisas engraçadas fora do carro e, cinco minutos depois, ter de se concentrar 100% em sua atuação na pista, o canadense ressaltou que a mudança vem de forma natural. “Mesmo que eu seja palhaço fora da pista, eu levo meu trabalho muito a sério. Quando se está em uma corrida, com alguém te pressionando para ultrapassar, você precisa se manter sério. Então é bom, porque eu posso brincar quando quero, mas consigo ser sério quando preciso”, acresceu.
Junto com Hinchcliffe, quem mais poderia exercer esse papel? Para o vice-presidente executivo da Indy, Greg Gruning, a categoria está muito bem munida de opções nesse sentido. “Em comparação com a Nascar e a F1, temos algumas estrelas ascendendo: James Hinchcliffe é uma personalidade inacreditável. Ryan Hunter-Ray, nosso atual campeão, vem evoluindo ano após ano. Takuma Sato é uma das figuras mais populares do Japão e isso que ele fez, vencer a corrida de Long Beach, foi absolutamente incrível”, apontou ao Tazio.
“Portanto, se você olhar para esses caras, vai ver que temos bons novos nomes que ajudam a construir nossa marca. E são excelentes pilotos. Temos visto isso do ponto de vista competitivo. Acho que, no que se refere aos pilotos, não poderíamos estar mais bem servidos.”, defendeu.
O jornalista Marshall Pruett, que cobre o campeonato para o site do canal Speed e foi engenheiro de diversos times nos anos 80 e 90, concordou sobre a presença do campeão Hunter-Reay na lista de Gruning, mas criticou a forma errônea como os próprios organizadores promovem suas estrelas.
“Não há motivo para Hunter-Reay não ser essa pessoa, mas isso requer um esforço muito maior de marketing para fazer acontecer. Os pilotos da Indy, para mim, são heróis. Eles fazem coisas fantásticas que muitos outros pilotos não conseguem. Todas as pistas diferentes onde eles correm], todos os tipos de experiência que eles vivenciam…”, enalteceu.
“A categoria e seus patrocinadores, na maior parte do tempo, não estão fazendo seu trabalho direito, não estão deixando que o mundo conheça quem são esses pilotos e o quão especiais eles são. Há diversos competidores que podem e deveriam ser melhor promovidos”, salientou.
Para o brasileiro Tony Kanaan, tal promoção pode vir de forma natural com as figuras que tenham potencial para tal, desde que a Indy galgue mais espaço dentro do próprio mercado americano e mundial. “Isso [um ícone na Indy] vai se construir. Os nomes vão trocando, mas sempre vai ter alguém que dá notícia. Sempre vai ter alguém como o piloto mais querido, ou o que ninguém gosta, ou o que ganha mais corridas. É um ciclo que sempre vai acontecer. Você não precisa achar ninguém. Os talentos estão lá”, declarou.
“[Mas] Eu já falei isso. Não adianta ter o Michael Schumacher se não divulgar. Volto para a televisão: a Indy tem personalidade suficiente para cobrir tudo. Tem o Kimi Raikkonen da vida, que é o [Scott] Dixon, tem o Dario [Franchitti], que é um piloto rápido, mas não está nem aí para entrevista. Tem uma mulher que acelera para caramba, que é a minha companheira de equipe [Simona de Silvestro]. Tem um canadense bom, que é o Hinchcliffe. Tem brasileiros bons. Tem tudo”, concluiu.
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