3 de ago. de 2012

Teste: J5 é a aposta de risco da JAC

 Fotos: Luiza Dantas/Carta Z Notícias
Teste: J5 é a aposta de risco da JAC
Marca chinesa tenta usar a boa relação custo/benefício do J5 para atacar o prestigiado segmento de sedãs médios
por Igor Macário
Auto Press

Ao lançar o J5 em março desse ano, a ideia da Jac Motors era alçar voos maiores. O sedã seria uma forma de trazer para o segmento de sedãs médios a boa relação custo/benefício, que tornaram o compacto J3 um produto bastante rentável.
Em nome da racionalidade, seria capaz até de tirar algumas vendas de rivais consagrados, como Toyota Corolla e Honda Civic. No entanto, mesmo com preço substancialmente mais baixo que a maior parte da concorrência, a estratégia não deu certo. A marca esperava vender entre 700 e mil J5 por mês, mas a média mal ultrapassou os 150 carros por mês desde o lançamento.
Apesar do porte de carro médio, o J5 traz um pequeno motor 1.5 16V de 125 cv sob o capô. O propulsor foi desenvolvido pela austríaca AVL, a mesma que fez o 1.4 16V do J3. O torque chega a bons 15,5 kgfm a 4 mil rotações. O problema é que as cifras são subdimensionadas para um sedã com 1.315 kg. Segundo a Jac, a escolha se recaiu sobre o 1.5 em vez do 2.0 de 136 cv que equipa a minivan J6 por sua maior eficiência energética. Ao menos, ele tem comando variável nas válvulas de admissão e é todo em alumínio. Acoplado ao motor, um câmbio manual de cinco marcas – a transmissão automática ainda não tem previsão. O conjunto é suficiente para levar o sedã de zero a 100 km/h em 11,8 segundos e à máxima de 188 km/h. Números mais próximos aos alcançados por um bom compacto. 


Pelo menos visualmente, o J5 agrada. Os traços não são revolucionários, mas dão ao carro um aspecto moderno e elegante. Não há muitos elementos marcantes, o que faz do J5 um carro bem discreto. A frente curta é ladeada por faróis estreitos, que dão a impressão de se tratar de um carro japonês. A traseira tem linhas harmoniosas, com lanternas em formato de trapézio e bom gosto no uso de cromados. O desenho como um todo dá a impressão de que se trata de um carro menor que os 4,59 m de comprimento quase 1,80 m de largura sugerem. Os 2,71 m de entre-eixos não deixam dúvidas sobre o bom espaço interno.
O interior tem linhas muito parecidas aos outros carros da marca, particularmente com a minivan J6. Os sistemas de som e ar-condicionado automático têm comandos iguais. A semelhança continua no painel de instrumentos com iluminação azul e ponteiros vermelhos – combinações comuns no fim dos anos 90. A Jac também revestiu algumas partes de painel e portas com plástico preto brilhante, que junto com alguns itens cromados, tentam dar ao J5 um ar mais luxuoso. A lista de equipamentos de série, com airbags frontais, freios ABS, ar-condicionado digital, direção hidráulica, sensores de estacionamento e rádio CD/MP3/USB não traz mais que o mínimo para um carro dessa categoria. Como opcionais, apenas rodas de liga-leve em 17 polegadas e bancos em couro.
O J5 até apresenta um conjunto competente para o uso diário, no entanto, o que deveria ser seu maior atrativo acabou virando o maior problema. Os R$ 46.990 que a Jac pede pelo sedã não estão mais tão abaixo que muitos concorrentes. A redução do IPI fez a versão mais simples de um Nissan Sentra custar R$ 47.890. Até mesmo um Kia Cerato, com configuração mecânica semelhante – motor 1.6 16V de 130 cv com etanol – sai por R$ 52.800 em sua variante mais barata. Mas nem mesmo os mais de R$ 10 mil a menos que o J5 custa em relação a rivais como o Toyota Corolla e Citroën C4 Pallas – de R$ 59.080 e R$ 56.990 respectivamente – têm sido suficientes para convencer o comprador a levar um chinês para casa. Nesse segmento, é importante ressaltar os benefícios, pois nem sempre o custo é a principal razão para uma compra.
Ponto a ponto
Desempenho – O propulsor austríaco de 1.5 litro rende bons 125 cv e 15,5 kgfm, que até conseguem levar os 1.315 kg do J5 sem grandes problemas – desde que pouco carregado. Mas na cidade, a condução requer algum trabalho para manter a rotação sempre mais elevada, já que o torque máximo só aparece a 4 mil rpm. Em estrada, há pouca reserva de potência e o sedã se ressente da falta de um motor com mais capacidade cúbica. O J5 não é um carro propriamente lento, mas necessita da colaboração do motorista para mostrar um desempenho convincente. Nota 6.
Estabilidade – No uso cotidiano, o J5 até agrada e se mostra um carro bastante neutro. O problema está em velocidades mais altas – em ritmo rodoviário –, onde o modelo perde a compostura e balança demais. A frente fica leve e desmonta a imagem de segurança conquistada na cidade. O carro sofre com ventos laterais e a direção também carece de maior precisão. Nota 6.
Interatividade – O J5 tem comandos bem localizados mas, à noite, a iluminação forte em tom azul dificulta a visualização de alguns deles. Os botões do ar-condicionado têm uma disposição pouco lógica e o rádio tem um comando de volume pouco prático, com dois botões de pressionar. Os mostradores também são de leitura algo complicada, meio poluídos visualmente e com escalas confusas. O sedã só tem os recursos básicos para o segmento, mas o que mais afeta o motorista é que a direção transmite, sem filtros, todas as irregularidades do piso de forma bastante desagradável. Nota 5.
Consumo – O Jac J5 registrou médias de 9,2 km/l com gasolina em ciclo misto. A Jac não tem números oficiais e o InMetro não fez medições para o modelo. Nota 6.
Tecnologia – A plataforma é moderna – desenvolvida pela própria Jac em 2009 – e há boa oferta de equipamentos para o modelo. No entanto, ele ainda fica aquém de alguns concorrentes por não oferecer mais airbags – só há frontais –, sistemas interativos com os ocupantes ou câmbio automático. O sistema de som aceita CD e MP3, mas não reconhece iPods e necessita de um cabo adaptador para dispositivos USB. Nota 7.
Conforto – O bom entre-eixos de 2,71 m abre bastante espaço para os passageiros. Ombros e pernas de todos os ocupantes viajam livres e a altura da carroceria favorece um ambiente amplo. Os bancos são bons, com espuma de densidade correta e revestimento que imita veludo. O J5 é um carro confortável e silencioso em uso normal. Nota 7.



Habitabilidade –  O modelo traz poucos porta-objetos – apenas um porta-trecos à frente da manopla do câmbio, estreitos nichos nas portas e outro no alto do painel. No entanto, o interior do J5 é um ambiente agradável e o entra-e-sai é facilitado pelo bom ângulo de abertura das portas. O porta-malas leva 470 litros, mas os braços da tampa invadem o compartimento. Nota 7.
Acabamento – É o maior “calcanhar-de-aquiles” do carro. Há muito plástico rígido nos revestimentos, e de qualidade duvidosa. As superífices são ásperas ao tato e não inspiram muita durabilidade. Mesmo as partes em preto brilhante no painel e nas portas não conseguem atenuar a sensação de simplicidade excessiva para um carro dessa categoria. Não há revestimento em couro para o volante, nem muito cuidado nos arremates, que deixam aparentes rebarbas e parafusos. Nota 5.
Design – Ponto de destaque do J5, as linhas externas são modernas e atuais, ainda que muito parecidas com os outros carros da marca. A linha de cintura alta cria um perfil esportivo e os faróis afilados deixam o sedã com uma silhueta bastante elegante. A traseira tem lanternas trapezoidais, num arranjo semelhante a sedãs italianos. No entanto, o visual ainda não consegue imprimir uma marca mais forte e apenas parece tentar juntar elementos de desenhos já consagrados. Nota 7.
Custo/beneficio – A aposta da Jac era que o preço menor do J5 fosse seu maior argumento de vendas. O problema é que a queda do IPI fez despencar o preço de rivais de marcas conhecidas e com conjuntos mais elaborados. O sedã chinês foi lançado em março por R$ 53.900, mas já pode ser encontrado nas lojas da marca por R$ 46.990. Um Nissan Sentra básico, com dotação de equipamentos semelhante ao J5, mas melhor acabamento e motor 2.0 flex, sai por R$ 47.890. Ainda que outros modelos custem até R$ 10 mil a mais, como o Peugeot 408 e Renault Fluence – vendidos a R$ 56.020 e R$ 57.030 respectivamente –, a diferença de preço ainda não justifica a compra. Nota 6.
Total – O Jac J5 somou 60 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Sem anestesia
O desenho do J5 tem linhas limpas e agradáveis ao primeiro olhar. As proporções são bem definidas e, se não é algo rebuscado, pelo menos tem alguma personalidade – semelhante à do J3 e J6. O espaço interno é um trunfo. Ninguém teria motivos para reclamar de aperto, com boa área livre para ombros e pernas. Atrás, três passageiros viajam sem grandes apertos. O isolamento acústico é correto. 
No entanto, é no acabamento que o sedã se entrega. A cabine tem materiais sem requinte algum para a categoria e simplesmente não agrada. A impressão geral não chega a ser de pobreza, mas certamente não está à altura de um sedã médio de marcas mais estabelecidas. A ergonomia é até correta, com boa posição ao dirigir e comandos à mão, mas a finalização não é superior à de um compacto comum. A iluminação azul dos instrumentos e mostradores torna difícil a leitura e a ausência de um mero computador de bordo dá o tom da simplicidade do interior. O ar-condicionado é digital mas o som tem limitações de conectividade. 
Pelo menos, o propulsor 1.5 16V de 125 cv cumpre corretamente seu papel. Ele move o sedã de 4,59 m com alguma desenvoltura, desde que sem muito peso a bordo. O câmbio tem engates leves e precisos e cinco marchas bem escalonadas. Mas não há milagres. O J5 pede constantes reduções de marcha e rotações mais altas para ultrapassagens e subidas mais íngremes – o torque mediano de 15,5 kgfm só aparece a 4 mil rpm.

A suspensão lida bem com a buraqueira das ruas, mas a direção não tem qualquer amortecimento. Todos os solavancos são fortemente repassados ao volante e a condução fica algo desconfortável. Ao menos, a unidade avaliada estava com as rodas menores, de 16 polegadas, que melhoram sensivelmente o comportamento em relação às opcionais de 17 polegadas. Em velocidades mais elevadas, o modelo ainda sofre com ventos laterais e balança bastante em curvas acentuadas. 


Ficha técnica
Jac J5
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.499 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 125 cv a 6 mil rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,8 segundos.
Velocidade máxima: 188 km/h.
Torque máximo: 15,5 kgfm a 4 mil rpm.
Diâmetro e curso: 75,0 mm X 84,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira independente com braços duplos, com molas helicoidais.
Pneus: 205/55 R16.
Freios: Dianteiros a disco ventilados e traseiros a discos sólidos. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,59 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,46 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. Airbags frontais de série.
Peso: 1.315 kg.
Capacidade do porta-malas: 460 litros.
Tanque de combustível: 57 litros.
Produção: Hefei, China.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Trio elétrico, ar-condicionado automático, direção hidráulica, volante revestido em couro, faróis de neblina, faróis com regulagem elétrica de altura, airbag duplo, ABS com EBD, sensor de estacionamento traseiro, volante com regulagem de altura e rádio/CD/MP3/USB.
Preço: R$ 46.990.




Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br
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