F-1-Toto Wolff opta por jogo da transparência na Williams

O Tazio publicou ontem alguns trechos da entrevista em que Toto Wolff, acionista recém-nomeado diretor executivo da Williams, falou sobre como pretendia lidar com o reserva Valtteri Bottas, já que ele é (ou era) manager de Bottas.
Toto foi escalado para a entrevista coletiva da FIA nesta sexta-feira justamente pelo fato de o anúncio do cargo ter sido feito nesta semana, entre os GPs da Alemanha e da Hungria, último antes das férias de verão da F1. Diante da oportunidade, fiz a tal pergunta a ele, que optou por jogar o jogo da “transparência” (embora não dê pra saber até que ponto a transparência foi, logicamente). Antes de mais considerações, vamos à transcrição do que disse Toto Wolff:

Toto, assim que sua posição foi confirmada — ou você “pegou” seu novo título na Williams –, começaram as especulações sobre a escalação dos pilotos por causa do seu trabalho com Valtteri Bottas. Como você vê a situação dele no momento? Levando em conta também porque estamos nos aproximando de agosto, você entende que ele está pronto para ocupar uma vaga na Williams ou ainda não é o momento? Além disso, você vê um conflito de interesses por causa de seu novo “título” e o fato de que você trabalha com ele como manager?
É uma pergunta muito interessante. Há definitivamente um conflito de interesses. No começo do ano — na verdade, já no ano passado –, eu abri mão de interferir em qualquer tipo de negociação ou discussão entre o time e a equipe que administra [a carreira de] Valtteri, então meu papel é puramente de investidor financeiro por trás de Valtteri. [A carreira dele] É administrada por Didier Coton, que está fazendo o trabalho do dia-a-dia e estamos tendo, para usar a linguagem bancária, uma “muralha da China”. Emocionalmente, é claro, vi Valtteri pela primeira vez na F-Renault 2000 aqui em Hungaroring, em 2008, e ele é um garoto que eu tenho acompanhado por muito tempo. Ele é um amigo, assim como é o Pastor [Maldonado] e o Bruno [Senna]. Por sorte, sou acionista do time e tenho 5% de comissão sobre o contrato de Valtteri, então acho que isso mostra como o balanço seria se fosse só a parte econômica. O ponto é que é muito claro que o time vai tomar decisões sobre o melhor pacote de pilotos e esperamos que tudo vá na direção de que possamos ter o mais rápido no carro.

Na quinta-feira, Bruno Senna já dizia algo na linha de que não valia a pena se importar com o assunto neste momento — assim que saiu a notícia de Toto Wolff num cargo semelhante ao de Adam Parr, que já não estava no time há meses, alguns colegas levantaram a lebre: Ico, aqui; e Flávio Gomes, aqui. Só que, para Bruno, na condição de piloto, não vale a pena mesmo. Não é clichê dizer que a única coisa que Bruno precisa fazer é mostrar resultado, passar para o Q3 nos classificatórios, chegar a um pódio, de repente. Seria, no entanto, o caso do manager do brasileiro avaliar opções (incluindo a Williams, por que não?) — e certamente isso já está sendo feito.
Como acionista, Toto Wolff já havia conseguido colocar a esposa Susie como piloto de testes da Williams, ainda que ela não tenha feito um campeonato de fórmula nos últimos sete anos, aproximadamente. Com Toto ocupando um cargo, ainda que ele insista em “brincar de transparência”, é difícil que o mesmo não aconteça com Valtteri Bottas. Até porque, se tem um adjetivo que a Williams usa constantemente para descrever o finlandês, este adjetivo é “rápido”, uma das últimas palavras usadas por Toto na sua resposta.
No decorrer da coletiva, Toto deu outras letras de como deve ser seu trabalho e como encara sua posição na Williams. Seguem mais alguns trechos:

(Joe Saward – Grand Prix Special) Toto, na sua nova posição, obviamente há mais responsabilidades no dia-a-dia. Isso significa que vamos vê-lo se mudando para a Inglaterra e indo ao escritório todos os dias, e tomando a cadeira de Adam [Parr]?
Sim, isto tem sido uma questão, ultimamente… Discutir isso. Estamos negociando quantos dias por semana eu teria que passar na Inglaterra, mas é fácil. Eu gosto muito da Inglaterra, ficar em Oxford é algo que vai me manter jovem, uma cidade estudantil [risos]. Só tenho que tomar cuidado para não me envolver em… merda [ele quis dizer: "situação complicada"]. Obviamente, minha esposa é escocesa, então ela gosta de ficar por lá também. A resposta é sim, vou passar mais dias na fábrica e gosto disso, é o que eu quero fazer agora.
(Joe Saward – Grand Prix Special) Vocês são todos homens que fazem acontecer até um certo ponto na F1, mas todos têm que responder a chefes. Vocês podem falar sobre o quanto é frustrante, às vezes, quando você comanda um time e tem que responder a pessoas que talvez não tenham tanta noção quanto vocês?
Você tem certeza que quer meu comentário? Meu único chefe é minha mulher! [risos] Meu parceiro é Frank [Williams], então posso conviver com essa situação.

Toto Wolff é ex-piloto de fórmula, turismo e rali, investidor, um cara boa pinta, simpático, mas já deu o tom de como vai funcionar sua presença na Williams. Principalmente com esta última resposta.

Fonte: Tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br/
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