14 de jun. de 2012

XX Encontro Nacional de Automóveis Antigos de Araxá reúne fina estampa da história

 Fotos: Eduardo Rocha/CZN
XX Encontro Nacional de Automóveis Antigos de Araxá reúne fina estampa da história Encontro de automóveis antigos em Araxá reúne carros de alto valor histórico e monetário

por Eduardo Rocha
Auto Press


De verdade, a pretensão do Encontro Nacional de Automóveis Antigos, em Araxá, no Sul de Minas, não é ser o maior evento de antigomobilismo do país. O projeto é ficar marcado como a mais requintada e luxuosa reunião do gênero.
O próprio codinome do encontro realizado entre 6 e 9 de junho, Brazil Classics Fiat Show, além de prestigiar a marca patrocinadora, dá o tom de pompa aspirada pelos organizadores. No vasto pátio do Grande Hotel foram reservadas apenas 300 vagas para a exibição de modelos históricos da Cadillac, Ferrari, Aston Martin, Rolls-Royce e Mercedes-Benz, entre várias outras marcas. Para dar um tom nacional ao encontro mineiro, apenas 20% destas vagas, ou 50 delas, são reservadas para colecionadores do estado. As demais 250 foram distribuídas entre proprietários de fora de Minas, principalmente São Paulo, Rio Janeiro e Paraná, mas também dos Estados Unidos, Argentina e Colômbia.

É claro que o número de interessados é sempre maior que as vagas disponíveis. Muitos colecionadores vão até o encontro com seus carros antigos, mesmo que seja para deixá-los estacionados fora do pátio. Outros tanto entram em exposição através do leilão de veículo antigos. Nesse leilão, uma Ferrari 365 GT Coupé de 1970 foi arrematada pela expressiva soma de R$ 400 mil. No lance mais impressionante da noite, um Ford Thunderbird rosa, que pertenceu à família do engenheiro Caroll Shelby, alcançou R$ 380 mil. Em geral, um modelo como este em bom estado não custa mais de R$ 200 mil. Mas havia lotes para vários bolsos. Uma Kombi 1961 não alcançou o valor mínimo pedido, de R$ 70 mil. Mas uma motocicleta Honda Gold Wind GL 1000 de 1976 encontrou uma nova garagem por R$ 36 mil. Um Fusca 1969 foi o modelo mais barato entre os arrematados: R$ 11 mil.

No leilão ficou evidente, porém, que muitos modelos importados recentemente têm pouquíssimo ou nenhum valor histórico. Estes carros conseguem ingressar no Brasil graças a uma lei que libera a entrada de automóveis usados com mais de 30 anos – que a princípio seriam para coleção. É o caso de vários Corvette Stingray da década de 1960, carro que pouco rodou no Brasil na época. Além disso, muitos exemplares vinham com alterações importantes, como motores maiores ou mais possantes que os originais, o que retira qualquer função de preservação. Para muitos colecionadores, essas importações, além de inflacionar o mercado de antigos, podem estar sendo usadas para a lavagem de dinheiro. No total, o leilão movimentou R$ 2,13 milhões, com a venda de 56 dos 105 modelos oferecidos.

Por outro lado, muitos dos modelos apresentados na exposição eram capazes de ajudar a contar a história do automóvel no Brasil, como o Ford Galaxie 1980, que passou a servir à presidência desde a chegada ao poder do último general da Ditadura Militar, João Baptista Figueiredo. Havia também exemplares de Volkswagen Passat 1982, Ford Maverick, Chevrolet Opala e até um Fiat Oggi CSS 1985, sedãzinho no velho 147, que foi arrematado pela própria Fiat Automóveis, para fazer parte do Museu que a fabricante está montando em Belo Horizonte. Outros, como a coleção de Cadillac ou Rolls-Royce Silver Ghost Springfield 1923, que pertenceu à família norte-americana Dupont, grande acionista da General Motors, e foi importado após a Segunda Guerra por um barão do cacau da Bahia. Uma característica desse modelo é que seu chassi ela levado da Inglaterra para os Estados Unidos, onde recebia a carroceria e todo o interior. O exemplar foi considerado o melhor automóvel da exposição. E foram modelos como este que tornaram a edição 2012 do Brazil Classics Fiat Show um dos mais charmosos e exuberantes encontros de antigomobilismo já realizados no país.

As joias dos coroas

A esmagadora maioria dos colecionadores é formada por homens com mais de 60 anos. E é natural que seja assim. É na terceira idade que dinheiro e disponibilidade costumam coincidir. E é também quando pode-se tentar realizar sonhos da juventude que ficaram incubados desde a fase de acumulação de riqueza. Abaixo, uma lista dos modelos mais interessantes apresentados no XX Encontro Nacional de Automóveis Antigos, em Araxá.

Ferrari 308 GTSi 1981 – Forçada pela crise do petróleo da década de 1980, a Ferrari instalou um sistema de injeção mecânica de combustível no V8 de 3.0 litros da 308 GTB, que fez a potência cair, junto com o consumo, para apenas 214 cv. A virada para os anos 80 também foi marcada por uma leve reestilização, com mudanças no para-choque e retrovisores externos. Em 1982, o V8 ganhou quatro válvulas por cilindro e a potência voltou a aceitáveis 240 cv. O modelo foi produzido entre 1977 e 1985.

Alfa Romeo Giulia SS 1964 – A variante cupê mais esportiva do Giulia teve apenas 1.400 unidades fabricadas entre 1963 e 1966. O pequeno SS – de Sprint Speciale – conseguia um desempenho ótimo para a época, mesmo equipado com motores pequenos. Um quatro cilindros de 1.3 litro e duplo comando era capaz de levar o carrinho além dos 160 km/h, enquanto o 1.6 o fazia ultrapassar os 200 km/h. A aerodinâmica apurada, com coeficiente de somente 0,28 Cx – extraordinário para a época –, era uma das responsáveis pelas boas marcas.

 
Aston Martin DB Mark III Roadster 1957 – Lançado em 1957, o DB Mark III foi a última evolução do DB2, lançado no começo da década. Ele manteve a arquitetura original mas o visual ficou bem mais caprichado e elegante. Outras melhorias também foram feitas na mecânica. O motor 2.9 em seis em linha foi aprimorado com escapamento duplo e passou a render 180 cv. O modelo foi feito apenas entre 1957 e 1959 e é um dos mais raros da fabricante inglesa. Só 551 unidades foram feitas, somadas as versões cupê e conversível.

Cadillac Eldorado 1959 – O Eldorado é um daqueles carros que marcou época na história de uma nação. Lançado nos Estados Unidos na década de 1950, ele praticamente representava uma nação que se tornava a mais poderosa do mundo no fim da Segunda Guerra Mundial. O modelo mais emblemático foi o de 1959, que compreendia versões cupês e conversíveis. A imponência era sua principal característica. Tanto em termos de design como em mecânica. Tinha mais de seis metros de comprimento e o indefectível “rabo de peixe” na traseira. Sob o capô estava um V8 de 6.4 litros que chegava a 345 cv e fazia uma média de 2.8 km/l de gasolina.

Chevrolet Corvette Stingray 1964 – Uma das séries mais emblemáticas do esportivo norte-americano, a segunda geração do Corvette tem no design seu maior atrativo. A traseira curta lembrava o perfil de uma arraia – daí o “apelido” em inglês – com a espia dividida apenas no primeiro ano de fabricação, 1963. Foi produzido apenas até 1967 nas variantes cupê e conversível, ambas sempre empurradas por um V8, cuja potência variou entre 360 cv dos primeiros anos e 430 cv das últimas safras.

Ford Galaxie 1980 – Produzido por aqui entre 1967 e 1983, ficou conhecido como o carro mais luxuoso do Brasil da época. A sofisticação era tanta que, desde o mandato de João Baptista Figueiredo, no início da década de 1980, ele se tornou o carro oficial da presidência. Mesmo depois do fim da produção do modelo os presidentes Sarney e Collor o mantiveram como seus veículos oficiais. O motor era um V8 de 5 litros e gerava pouco menos de 200 cv. Em 1980, o Landau passou por uma grande mudança. Por causa da crise do petróleo, ele precisou ter um motor a álcool. E para aumentar a autonomia, a Ford introduziu um imenso tanque de combustível de 107 litros.

Jaguar XK140 1954 – Sucessor do mítico XK120, o esportivo manteve as belas linhas quase inalteradas, apenas com a adição de para-choques mais pronunciados e luzes indicadoras de direção. O motor XK – que deu nome à série de modelos – com seis cilindros em linha também foi mantido, mas ganhou aumentos de potência. A versão básica passou a 190 cv – 10 cv a mais que no XK 120 –, enquanto a que usava o cabeçote do tipo C atingia os 210 cv. Além do belo Roadster, o XK140 também foi oferecido como conversível, o Drophead Coupé, e um com teto fixo, o Fixed Head Coupé.

Rolls-Royce Silver Ghost Springfield 1923 – Ainda com o clássico estilo de “carruagem a motor”, o Silver Ghost Springfield se diferencia dos demais fabricados entre 1906 e 1921 pelo esquema de produção. Entre 1921 e 1926, o modelo teve o motor fabricado na Inglaterra e a carroceria finalizada na cidade de Springfield, nos Estados Unidos. O Silver Ghost ainda foi o carro responsável pelo título histórico de “melhor carro do mundo” para a Rolls-Royce. A última safra norte-americana usava um “modesto” seis cilindros em linha com 7.4 litros, capaz de produzir 80 cv.

Tatraplan 1950 – O Tatra T600, ou Tatraplan, como ficou conhecido, foi o primeiro carro desenvovido pela fabricante tcheca após a Segunda Guerra Mundial. O sedã, de pouco mais de 4,5 metros e linhas consideradas aerodinâmicas na época, foi mostrado em 1946, mas a produção só começaria dois anos depois. O nome é uma referência aos aviões – “éroplan” em tcheco. No entanto, em seu último ano de fabricação, ele foi produzido pela Skoda, já que a Tatra resolveu se dedicar à produção de caminhões. O Tatraplan teve sua vida encerrada em 1952.

Ford Thunderbird 1956 – Ao lado do Cadillac Eldorado, foi um dos carros mais emblemáticos dos anos 1950 dos Estados Unidos. Tanto que até hoje é um modelo visto andando nas ruas norte-americanas. A primeira geração, feita entre 1955 e 1957 é a mais aclamada. O visual elegante, com as linhas retas e os faróis arredondados são o principal destaque do modelo, que teve versões de teto rígido e de lona. O motor vinha da Mercury. Era um V8 de 5.1 litros que rendia 215 cv com um opcional que aumentava a potência para 225 cv. O exemplar mostrado em Araxá pertenceu à família de Caroll Shelby e foi arrematado por R$ 380 mil.

Fonte: motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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