18 de dez. de 2011

Abusado: o VW Gol que é um esparro


Tudo na vida soma uma experiência. Seja ela boa ou ruim, é uma experiência. Preparar um carro, fazer um bolo, namorar pela primeira vez… tudo pode ter dois lados e, inevitavelmente, você só aprende a fazer uma coisa bem feita depois de quebrar a cara cabeça algumas milhares de vezes. Não adianta, não tem como ser diferente.

Em meu primeiro contato com este VW Gol 1.6 Power foi difícil compreender a toada imposta pelo proprietário Marcos Goulart em seu projeto, afinal, eu sempre tive como primissa que carro baixo não tem como andar forte e carro forte não anda baixo. Simples assim. Conversa vai, conversa vem ao longo do tempo e aos poucos começo a ver que é possível SIM combinar três coisas que não se encaixavam em projetos insanos: rodas grandes, suspensão bem rebaixada e um motor forte. Sabendo dosar e sabendo andar do jeito certo, o carro vai para todos os lugares sem qualquer problema.

Após passar mais de 10 meses parado, Alexandre da ALPS Racing teve seu primeiro contato com Marcos e passou toda a segurança para entregar o carro à uma nova fase.

Meu carro ficou parado 10 meses no antigo preparador e eu apenas via o dinheiro indo embora. Ele mal andava e logo acontecia uma quebra. Desanimei e pensei em vender. Nunca mais iria querer um turbinado novamente. Em um passeio rápido, nova quebra. Foi aí que o Alexandre chegou e perguntou se podia dar uma olhada e constatou que um dos principais defeitos era que eles estava fora de ponto. Regulamos e voltei para a antiga oficina para um acerto decente. Luz espia de óleo acesa e barulhos estranhos acabaram por mandar o motor para as cucuias.

Abusado: o VW Gol que é um esparro“Após mais desentendimentos, hora de buscar um novo spa para o Gol que andava mal de coração. O carro foi direto para a ALPS Racing e lá o veredito foi fulminante: Já era! Quebrou tudo! Incentivado pelas esperanças que Alexandre apresentou no novo formato da preparação, Marcos bateu o martelo e decidiu que desta vez ou vai ou racha.

Com o motor completamente aberto, todos os detalhes foram revistos antes de iniciar a montagem. O AP 1,6 L chegou aos 1,7 L com o uso de pistões forjados Iapel de 83,5 mm. Anéis Iapel e bronzinas Clevite reforçaram ainda mais o miolo do motor. Para assegurar uma boa e constante lubrificação, a bomba de óleo foi retrabalhada. Um cabeçote mexicano de fluxo cruzado do VW Bora foi instalado e não sofreu modificações por apresentar um bom fluxo, concordante com o projeto.
Apenas a TBI foi substituida por uma de GM Omega 4.1 com 70 mm de diâmetro, trabalhando folgada para admitir todo o ar pressurizado pela turbina Biagio .50 (.48/.70) com refluxo. A pressão é de 1,0 bar constantes e chega como um soco no peito quando o booster é acionado e eleva este número para 2,0 bar, tudo resfriado por um intercooler instalado logo atrás do pára-choque dianteiro. Toda a pressurização foi confeccionada em aço inox de 3″ e o escape de 2,5″ expulsa os gases com um bom “som ambiente” ecoado pelo sistema utilizando apenas dois abafadores.
A alimentação do conjunto é garantida por uma bomba interna de GM Astra Flex, que faz par com uma externa Bosch (original do Gol GTI), ambas capazes de alimentar os oito bicos do sistema. Os bicos originais estão no local de origem e não foram modificados, mas instalados diretamente no coletor de admissão estão mais quatro bicos Bosch de alta vazão controlados por uma injeção Digipulse. A ignição original recebeu o reforço de velas NGK Iridium e tem dado conta do recado. O mesmo não pôde ser dito da embreagem, que teve de ser substituída por uma com platô de 900 Lbs e disco de cerâmica.

As relações de câmbio não foram modificadas, mas o eixo agora conta com blocante e a alavanca agora possui engate rápido para agilizar as trocas de marcha. Ao passear em frente à Widmen, Marcos não resistiu e presenteou seu Gol com um belo jogo de rodas de medidas 7,5×18″. Na Stylo Suspensões, as rodas foram calçadas com pneus Maxxis 215/35-18″ e um completo alinhamento.

Com o novo conjunto rodando forte, o carro destracionava facilmente dado ao grande torque em baixas rotações. A suspensão foi então completamente revista e os amortecedores receberam a calibragem correta. Agora as arrancadas ficaram mais justas e o carro não perde tanto tempo “lixando” asfalto. O próximo passo são os freios, né Marcos?

O interior recebeu o volante da Parati Surf e o banco traseiro foi deletado. Um módulo 3Step também faz as vezes de conta-giros com shift-ligth, enquanto um hallmeter instalado no difusor de ar informa sobre a mistura ar/combustível. Um manôvacuometro informa a pressão de trabalho da turbina e um manômetro de pressão do óleo assegura o monitoramento da lubrificação. O carro é completamente amarrado por barras anti-torção superior e inferior na dianteira, enquanto a traseira recebeu uma superior que assegura uma boa estabilidade.

Já dizia o ditado popular: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…” e se o objeto da conversa rodear um carro preparado, devagarinho a gente chega lá. Marcos roda calmamente com seu carro regularizado e vai aproveitando bem as vias descongestionadas e livres para saborear todo o potencial de seu VW Gol turbinado.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

Nenhum comentário: