6 de ago. de 2011

Burlando telefones públicos com Senna e Fittipaldi



Conversando com meu amigo Cezar Fittipaldi, primo dos grandes Emerson e Wilson, inúmeras histórias dos pilotos brasileiros do início da década de 80 surgiam. Uma mais legal que outra, e claro, não deixarei os fatos à escura. Repassarei a vocês aqui em doses homeopáticas e com muita nostalgia algumas dessas obscuridades. Acompanhe!

Cezar foi piloto da Fórmula Ford 1600 durante quase toda a década de 80. Fez escola com Jim Russell e ficou por muitos anos correndo na Europa. Sem grande apoio financeiro, apesar do sobrenome famoso, fez carreira por lá e viu crescer alguns astros brasileiros no automobilismo, como Ayrton Senna, Maurício Gugelmin, e claro, o maior de todos (para mim), Roberto Pupo Moreno.
Uma das histórias interessantes que o jovem amigo Cezar me contou foi sobre a as famosas cabines telefônicas da Inglaterra. O ano era meados de 1982. Uma das turminhas com que Cezar mais andava era a de Moreno, Senna e Gugelmin. Eles ainda eram pilotos de categorias de base, mas Ayrton já se despontava como uma futura estrela. Já era reconhecido por alguns na rua e tinha algumas seguidoras/tietes mais assíduas.
Mas em uma época em que a internet nem sonhava em ser o que é hoje, quando as cartas demoravam semanas e as ligações telefônicas custavam o olho da cara, os pilotos que estavam longe da família tinham que fazer de tudo para conseguir trocar algumas palavras com seus entes queridos.

Para baratearem ao máximo seus gastos, eles iam de cabine em cabine até conseguirem fazer uma manha com suas fichinhas telefônicas.
“Os telefones públicos tinham alguns ‘defeitos’. Nessa época ficavam perto do Museu de História Natural em Kensigton. Os brasileiros faziam fila, tinha horas que era preciso fazer senhas improvisadas e tudo mais. Moreno, Ayrton, Gugelmin e eu sempre íamos lá também, para poder ligar para nossos familiares. Ligar para o Brasil era caríssimo… só em emergências mesmo que a gente ligava pagando, mesmo assim, falava rapidinho, morrendo de medo da conta.”
“Você discava, discava e discava, e, de repente, conseguia ligar para o Brasil pagando o preço de ligações locais, com moedas, e pagava uma ou duas libras por isso. Eram aquelas cabinas vermelhas, mas o ruim para nós é que a British Telecom ia logo lá e consertava elas. Procurávamos outras depois.”
Dava-se um jeitinho brasileiro para tudo.

É sempre legal escutar essas histórias e ver como a turma brasileira era unida, coisa que não percebi quando entrevistei as mais jovens trupes brasileiras da Europa. A atual galera da Fórmula 3 inglesa – que está mandando muito bem no campeonato, tendo inclusive Felipe Nasr já como virtual campeão – parece mais individualista e esparsa do que essa do passado.
Quando perguntava ao próprio Felipe ou ao Lucas Foresti e ao Pietro Fantin a respeito, suas respostas eram bem mais diretas quando falavam de patrocínios e perspectivas de futuro. “Ah, nosso relacionamento é bom. Nos damos bem. Não nos vemos muito, mas temos um bom relacionamento”, dizem os três em linhas gerais.
Um pouquinho diferente da década de 80? Bem, vamos levar em consideração que naquela época não havia Skype, MSN, Facebook, nem mesmo celular para matar um pouco a solidão tão longe de casa.

Fonte:jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/

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