Hairton Ponciano Voz, editor de AE
Fotos Fabio Aro e Marcos Camargo
Comparativo adaptado da edição 551, de abril
Quem já andou de Jetta costuma ter boas lembranças. O motorzão 2.5 garante bom desempenho e ainda oferece uma melodia que só os motores de cinco cilindros têm. Porém, por mais de R$ 80 mil, o Jetta nunca teve vida fácil por aqui. Desde que chegou ao país, em 2006, suas vendas nunca empolgaram muito. “Nem nos melhores meses conseguimos chegar a 1.000 unidades vendidas, entre Jetta e Bora”, diz Fabrício Biondo, gerente de marketing da Volkswagen. Havia outro complicador: o motor que fazia a alegria de quem assumia o volante causava tristeza na VW, porque acima de 2.0 a alíquota de IPI sobe, elevando o preço do veículo.
Agora, as coisas estão diferentes. O novo Jetta mudou por dentro, por fora e por baixo do capô. Com uma concepção mais simples e motor 2.0, ele ganha algumas críticas, mas aumenta a competitividade entre os sedãs médios, categoria em que não conseguia espaço.
O Jetta 2.0 aspirado (Comfortline) anda bem menos que seu antecessor, mas em compensação custa R$ 65.755, na versão com câmbio manual, ou R$ 70.005 no modelo automático, como o testado. É o natural substituto do Bora. O grande mérito do carro (além do preço menor) foi crescer de tamanho sem o correspondente aumento de peso. No comprimento, o acréscimo foi de 9 cm (para 4,64 m). A distância entre-eixos cresceu 7,3 cm (para 2,65 m). O resultado é que o espaço aumentou, especialmente no banco traseiro (para joelhos e ombros).
O Jetta ganhou linhas mais retas. O Fluence investe nas cruvas. Já o 408 é o que tem faróis mais agressivos |
Em termos de mecânica, o Fluence sai (literalmente) na frente. Comparados na versão automática, o Fluence fez 0 a 100 km/h em 10,6 segundos. Jetta e 408 empataram em 12,0 segundos. No Jetta, o câmbio AQ250 Tiptronic (fornecido pela Aisin) de seis marchas é muito bom, e oferece borboletas no volante para trocas manuais. O problema é o motor 2.0, de oito válvulas e apenas 120 cavalos. No 408, a situação é exatamente oposta: o motor é muito bom (2.0 16 válvulas de 151 cv), mas o câmbio automático tem apenas quatro marchas. O trunfo do Renault está em aliar um câmbio no mínimo no nível do que equipa o Jetta, com um motor quase tão potente como o do 408: o Fluence vem com um 2.0 de 16 válvulas e 143 cv. E o câmbio continuamente variável (X-Tronic) garante desempenho sem o menor tranco. Se quiser, o motorista pode optar por trocas manuais (seis marchas).
O Jetta é bom de câmbio, mas não de motor. O 408 é o oposto.O fato é que motor 2.0 com 120 cv é pouco para enfrentar a concorrência. Para se ter ideia, motores 1.8 modernos rendem na faixa de 140 cv (Civic) ou mais, caso do novo Corolla Dual VVT-i, com 144 cv. A potência específica deixa isso claro: o motor do 408 gera 75,6 cavalos por litro (151 cv, 1.997 cm3), valor um pouco acima do Renault (71,6 cv/l) e muito acima do Jetta (60,5 cv/l). Quando se compara o torque, os franceses também deixam o Jetta para trás: o 408 tem 22 kgfm a 4.000 rpm, seguido do Fluence (20,3 kgfm) e do Jetta (18,4 kgfm). Essa numerologia toda significa que a vantagem obtida na pista, com motor “cheio”, volta a se repetir na cidade, onde normalmente se usam médias rotações: quanto mais torque, melhor a vitalidade no trânsito. O Renault ainda leva vantagem adicional por conta do câmbio CVT. Graças a ele, as retomadas ficam mais espertas, e o consumo melhora.
E o Fluence reúne o melhor dos dois
Fluence e 408 podem abrir o capô sem medo: os dois têm motores modernos para mostrar. O do Jetta é o mais fraco |
Só o Jetta tem monitor sensível ao toque (opcional), mas ainda não oferece GPS. Os dois franceses já oferecem o navegador integrado, mas a tela não é touch screen.
Os três são espaçosos e oferecem acomodação confortável na frente e atrás, resultado das dimensões generosas. Com 4,69 m, o 408 é 5 cm maior que o Jetta (4,64 m), que por sua vez é 2 cm mais comprido que o Fluence (4,62 m). A vantagem volta a se repetir na distância entre-eixos (2,71 m para o Peugeot, 2,7 m para o Renault e 2,65 m para o VW). Se ninguém se aperta nos bancos, as bagagens também não sofrem. O trio tem compartimentos espaçosos, dessa vez com vantagem para o Jetta (536 l), seguido de Fluence (530 l) e 408 (523 l). Dos três, só o 408 tem amortecedores na tampa, em vez dos braços que invadem a área de bagagem.
Só o 408 tem tampa com amortecedores. O Jetta acomoda 536 litros, seguido de Fluence (530 l) e 408 (523 l) |
O Jetta não oferece faróis de xenônio, item disponível nas versões topo de linha da dupla francesa. No Fluence, porém, o sistema de regulagem automático estava com algum problema, porque o facho estava muito baixo. No quesito garantia, o Jetta chega pecando, por oferecer apenas um ano de cobertura integral (três anos somente para motor e câmbio). Nessa categoria, todos os modelos oferecem três anos de garantia total. Além disso, a Peugeot está concedendo três revisões gratuitas (um ano ou 10 mil km, dois anos ou 20 mil km e três anos ou 30 mil km) para quem comprar o 408 até 30 de junho. A isenção engloba não apenas mão de obra, mas também itens como óleo e filtros. Segundo a empresa, a economia nesse período equivale a R$ 728.
Para concluir, o Jetta 2.0 automático está com preço entre o do Fluence Dynamique (R$ 64.990) e o Privilège (R$ 75.990), enquanto o 408 Feline (também intermediário) sai por R$ 74.900. Os franceses, porém, já trazem de série os seis airbags, contra quatro no VW. No fim das contas, o Fluence sai desse comparativo com a vitória.
Confira as fotos do interior de cada modelo e os números de teste na galeria abaixo.
Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário