21 de jul. de 2011

CARAMBA, ALONSO ! por Reginaldo Leme


Alonso, o novo vencedor da temporada 2011

Não foi só por causa da proibição do escapamento aerodinâmico que a Ferrari venceu no domingo passado e, apesar de inesperada, a vitória também não foi assim uma zebra total. Ela aconteceu por três motivos fáceis de explicar e mais o fato de Alonso ser bom demais. Mas, caramba ! Nunca duvidei que o espanhol pudesse ganhar corrida ainda este ano. Mas tinha que ser justamente nesta pra derrubar quem escreveu, coberto de razões, que Silverstone não era a praia da Ferrari ?

Historicamente não é mesmo. E com o carro atual teria de ser pior ainda por conta do tipo mais duro de pneu escolhido pela Pirelli, o que causou enorme desânimo dentro da equipe. Mas aí vieram as três circunstâncias que caíram do céu. A primeira, literalmente. Veio em forma de uma chuva fraca, mas suficiente para desobrigar os pilotos de usar os dois tipos diferentes de pneus slick. Com isso, em nenhum momento a Ferrari teve de usar o tal pneu duro. Pronto. A Primeira desvantagem já deixou de existir antes mesmo da largada.
NADA QUE VÁ MUDAR A CARA
DO CAMPEONATO, MAS JÁ
TEMOS UM NOVO VENCEDOR
A segunda, quase por milagre, foi a Red Bull errar um pit stop e atrasar a parada de box de Vettel em mais de sete segundos. Aconteceu na volta 27, e o alemão perdeu aí 31,5 segundos entre a desaceleração, troca de pneus e volta para a pista, quando o normal seria entre 23 e 24 segundos.
Para a sorte da Ferrari e de Alonso, a Red Bull errou no pit stop de Vettel

A terceira veio por conta da sorte de Alonso. Ou do azar de Vettel, que voltou do box atrás de Hamilton e levou sete voltas para conseguir ultrapassar o inglês, que tinha um pneu de duas voltas mais e, àquela altura, era bem mais lento. Nessas sete voltas, a vantagem de Alonso para Vettel cresceu de 2,7 para 10,3 segundos. Ironicamente Hamilton deu uma enorme ajuda a seu inimigo histórico.
Pronto, tudo explicado. Mas, se não bastar, podemos até invocar o além. Antes da corrida, Alonso deu uma voltinha pilotando a Ferrari 375, carro com o qual a equipe italiana conquistou sua primeira vitória em Silverstone 60 anos atrás. Parece que naquele momento a História se tornou uma cúmplice capaz de reunir todas as condições excepcionais que deram poder de fogo à Ferrari. Sem contar que este modelo 375, de valor incalculável, hoje pertence à coleção particular de Bernie Ecclestone.
Uma pena que esta vitória não vai mudar a cara do campeonato. A própria evolução do F-150º não pareceu tão clara durante toda a corrida. Houve um momento logo após a primeira rodada de pit stops, ainda 15ª volta, em que a Ferrari foi duplamente derrotada pela McLaren. Em questão de 30 segundos, Button ultrapassou Massa e Hamilton ultrapassou Alonso. No final os carros de Alonso e Massa estavam mais inteiros que os da McLaren.
Agora vem Nurburgring. Na sequência, Hungaroring, Spa e Monza, antes de a F-1 deixar a Europa para outras cinco corridas no Oriente e encerrar o campeonato no  Brasil. O escapamento aerodinâmico é, de novo, liberado, o que mostra que a proibição em Silverstone, por mais que a FIA tentasse negar, era mesmo uma mudança de regras no meio do jogo. De qualquer forma, mesmo derrotado na última corrida, Vettel só viu sua vantagem aumentar de 77 para 80 pontos, o companheiro Webber assumir o 2º lugar e Alonso tornar-se, de fato, o primeiro rival, mas 92 pontos atrás.
A Ferrari havia estabelecido o GP de Silverstone como prazo limite para desistir ou continuar a trabalhar no carro atual. Para nossa sorte, ela deve seguir em frente. Mesmo que a situação do campeonato não permita sonhos impossíveis, correr em busca de novas conquistas agora já é possível. A briga pelo título é que parece bem mais longe graças à vantagem construída pela Red Bull em nove etapas. Ainda nem chegamos à  metade do Mundial, e a Red Bull já soma o dobro de pontos da Ferrari – 328 a 164.


Fonte: sinalverde
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com/platb/sinalverde/

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