Mini One é ágil e instigante, mas conteúdo modesto demais para o preço de quase R$ 70 mil dificulta as vendas
por Igor Macário
Auto Press
Depois de consolidar sua imagem no Brasil com versões caras e potentes, a marca inglesa Mini – controlada pela germânica BMW – jogou para a variante mais simples, a One, a missão de aumentar seus negócios por aqui. A ideia era ampliar em 40% as vendas. Mas, passados dez meses, não foi bem o que aconteceu. As versões Cooper, mais caras e equipadas, mantiveram o mesmo patamar – cerca de 200 unidades mensais. Já a One fechou o ano passado com apenas 15% de participação na linha. No primeiro quadrimestre de 2012, foram 188 unidades do One, contra 527 Mini Cooper.
por Igor Macário
Auto Press
Depois de consolidar sua imagem no Brasil com versões caras e potentes, a marca inglesa Mini – controlada pela germânica BMW – jogou para a variante mais simples, a One, a missão de aumentar seus negócios por aqui. A ideia era ampliar em 40% as vendas. Mas, passados dez meses, não foi bem o que aconteceu. As versões Cooper, mais caras e equipadas, mantiveram o mesmo patamar – cerca de 200 unidades mensais. Já a One fechou o ano passado com apenas 15% de participação na linha. No primeiro quadrimestre de 2012, foram 188 unidades do One, contra 527 Mini Cooper.
A culpa pelas vendas pouco expressivas pode estar na simplicidade do One. Para reduzir os preços, o carrinho não traz mais do que o essencial. Foram-se embora o ar-condicionado automático, as rodas de aro maior e o sistema de som mais sofisticado. Isso deixou o Mini básico demais para os R$ 69.950 cobrados – o preço não foi alterado, mesmo com o aumento do IPI. Ainda que a diferença seja superior a R$ 10 mil em relação ao Cooper Salt – o “degrau seguinte” na linha Mini –, a “modéstia” em termos de equipamentos parece ter espantado parte dos potenciais compradores. Na prática, em relação aos outros modelos com motor 1.6 litros disponíveis no mercado, ele traz a mais apenas controle de estabilidade, o ESP – que entre os carros de seu porte, apenas o Audi A1 tem. Talvez o público da marca esteja habituado a doses maiores de exclusividade.
Apesar de ser o mais “despojado” da Mini, o One tem lá seus atrativos. O motor 1.6 litro da família Prince, desenvolvido pela BMW em parceria com a francesa PSA, é extremamente versátil e eficiente. No One ele é aspirado e rende 98 cv a 6 mil rpm e bons 15,6 kgfm, disponíveis logo a 3 mil rpm. O conjunto é capaz de levar o carrinho do zero aos 100 km/h em 10,5 segundos e à máxima de 186 km/h. O câmbio é manual de seis marchas – ainda há a opção da transmissão automática, que acrescenta salgados R$ 9 mil. Esse motor é o mesmo capaz de gerar os 120 cv das versões intermediárias Cooper Salt, Pepper e Chilli, também aspiradas – que custam entre R$ 80.950 e R$ 98.950. Com a adição de um turbo, gera os 184 cv do Cooper S, vendido por R$ 128.750, e os 211 cv do topo de linha John Cooper Works, que não sai por menos de R$ 139.950.
Além da mecânica, o charmoso visual “retrô” dos modelos da marca conta muitos pontos. Por fora, apenas as rodas menores, de 15 polegadas, e o emblema “One” denunciam que se trata de um exemplar mais simples. Mas estão lá a mesma qualidade construtiva e carisma das linhas encontrados em qualquer Mini, independentemente do preço. E é justamente o valor cobrado nas concessionárias que aparentemente joga contra o Mini One. Apesar do conjunto bem aprumado e boas qualidades gerais, o One cobra alto pela imagem sofisticada da marca. Para efeito de comparação, um Ford New Fiesta mexicano, equipado com um motor 1.6 de 115 cv, custa R$ 53.200. Mas, de fato, não chega nem próximo ao nível de sofisticação empregado no One.
Ponto a ponto
Desempenho – O 1.6 de 98 cv dá conta de empurrar os 1.110 kg do carrinho com decisão surpreendente. O torque máximo de 15,6 kfgm aparece já em 3 mil rpm e torna o modelo ótimo de acelerar. Além disso, o câmbio manual de seis marchas contribui muito na experiência positiva ao volante do Mini One. A marca de 10,5 segundos para a aceleração de zero a 100 km/h e 186 km/h de velocidade máxima são compatíveis com a potência do modelo. Nota 8.
Estabilidade – O acerto dinâmico faz mesmo o Mini mais barato ter uma dinâmica semelhante à dos demais. Isso se traduz num comportamento muito neutro, mesmo quando provocado. A suspensão Multilink na traseira mantém as rodas plantadas no chão e, apesar da tendência de sair de frente no limite, o carro é bastante previsível e a boa rigidez torcional da carroceria aceita conduções mais esportivas sem perder a compostura. Nem mesmo os pneus 175/65 montados em rodas aro 15 parecem jogar contra o ótimo acerto do conjunto. Nota 9.
Interatividade – O interior é bem resolvido. Os comandos estão bem posicionados e são de fácil uso, com exceção dos comandos de vidros, travas e luzes de neblina, em uma fileira de botões localizados na parte baixa do painel. É bonito, mas requer atenção para usar. Ao menos, o velocímetro digital no centro do conta-giros facilita a visualização. O sistema de som é simples e traz apenas rádio e CD, nem mesmo uma entrada USB faz parte do pacote. Mas o câmbio é dos melhores, com engates precisos, curtos e com a alavanca próxima do volante. Nota 8.
Consumo – O One marcou uma média de 9,3 km/l de gasolina em circuito misto. A Mini não disponibilizou o modelo para o InMetro fazer medições. Nota 7.
Tecnologia – O modelo mais simples perdeu muitos equipamentos, como o ar-condicionado digital e o sistema de som com entrada USB e conexão bluetooth, mas ainda há boa dose de tecnologia embarcada. A plataforma é relativamente recente, da segunda geração do Mini de 2006. O computador de bordo é completo, com indicadores de consumo instantâneo e autonomia. Mesmo sendo o mais barato, o modelo vem com airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS e EBD de série. A suspensão ainda é do tipo Multilink na traseira, o que melhora muito o comportamento do carro. Nota 8.
Conforto – Apesar do acerto mais “durinho” da suspensão, os pneus mais altos ajudam no conforto a bordo. Mesmo sobre asfalto de má qualidade, o carro chacoalha pouco e mantém a compostura. Os bancos têm espuma mais densa e não cansam em percursos mais longos. No entanto, há espaço suficiente apenas para os ocupantes da frente. Atrás, somente crianças se sentem confortáveis, já que o vão para as pernas e cabeça é diminuto, sem contar na dificuldade de chegar ao banco traseiro. Ao menos, os assentos dianteiros correm para frente e abrem algum espaço. Nota 8.
Habitabilidade – As portas grandes e com bom ângulo de abertura facilitam o entra e sai dos passageiros. Mas o porta-malas é bem pequeno – apenas 160 litros. Há muitos porta-objetos espalhados pelo interior, são dois porta-luvas, dois porta-copos no console central e as portas têm espaços para acomodar garrafas de até 1,5 litro. Apenas o acesso ao banco de trás fica comprometido. Nota 7.
Acabamento – Os materiais usados e os encaixes são muito bons. Não há exageros, como aço escovado ou imitações de fibra de carbono – até para manter o custo mais baixo. A atmosfera é simples mas de muita qualidade. Até mimos como “spots” de luz nos puxadores de porta foram mantidos e criam um ambiente agradável. Mesmo em tecido, o revestimento dos bancos é bem feito e nada passa a impressão de ser barato. Nota 8.
Design – É, indiscutivelmente, o maior charme do Mini. Não há como negar o carisma das linhas do carrinho, que se mantêm imaculadas desde o lançamento da segunda geração, em 2006, que não difere muito da primeira da “era BMW”, de 2001. Os faróis redondos, lanternas traseiras pequenas e teto quase plano fazem uma interessante releitura do original e tornaram o modelo uma febre no mundo. As possibilidades de personalização, com faixas atravessando o carro e até a bandeira da Inglaterra plotada no teto, apimentam ainda mais o visual e aumentam a exclusividade do modelo. Nota 9.
Custo/beneficio – Como um legítimo carro de nicho, custo/benefício não é uma das maiores qualidades do Mini One. Com um conjunto refinado e bom, mas desprovido de luxos, os R$ 69.950 que a marca pede pelo carro parecem um valor elevado. A versão fica sozinha nesse patamar, já que o concorrente mais próximo, o Audi A1 – de R$ 94.900 –, acaba sendo rival direto das versões Pepper e Chilli, mais completas, potentes e com câmbio automático como o alemão. Entre os “carros de imagem” há ainda o Hyundai Veloster. O coreano de três portas também tem motor 1.6 com 126 cv, mas é maior e mais pesado, o que o deixa em pé de igualdade com o Mini One em termos de desempenho. A Hyundai fala em R$ 60 mil para o Veloster mais barato. Nota 5.
Total – O Mini One somou 77 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Diversão garantida
Mesmo com a redução de equipamentos e uma decoração externa bem mais discreta que os outros modelos da gama, o Mini One certamente atrai olhares curiosos e interessados na rua. O desenho simpático é um dos pontos altos do carrinho, que parece não se cansar com o passar dos anos. Está lá toda a genética da BMW, explicitada pelo ótimo acabamento e acerto dinâmico do modelo.
O 1.6 litro perdeu 22 cv em relação ao motor usado nas versões Cooper Salt, Pepper e Chilli, mas nem por isso se tornou um carro lento. O One tem boa distribuição de torque – 15,6 kgfm a apenas 3 mil rotações – o que faz do modelo um carro esperto e divertido. O propulsor parece gostar de regimes mais altos e responde com muita suavidade a todos os comandos do acelerador. O escalonamento correto do ótimo câmbio de seis marchas permite aproveitar sempre o máximo dos 98 cv, que empurram o carro com desenvoltura. Ainda que o desempenho em si não seja nada arrebatador, a sensação é muito superior e ele nem parece ser até menos potente que muitos 1.6 litro nacionais.
Apesar da simplicidade geral do interior – não há equipamentos como navegador por GPS e nem mesmo uma singela entrada USB para o sistema de som –, não é difícil identificar onde boa parte dos quase R$ 70 mil foi investida. O acabamento não traz excessos, mas tem qualidade notável. O volante de dois raios destoa do ar “moderninho” do painel, onde estão os clássicos mostradores redondos, com o velocímetro enorme – e de difícil leitura – ao centro e o conta-giros na frente do motorista. Ao menos, a velocidade pode ser repetida no pequeno mostrador do computador de bordo, junto do conta-giros. O banco traseiro é quase figurativo, já que o espaço para as pernas ali é bastante reduzido.
Além das aparências, uma das grandes atrações do One é o seu comportamento dinâmico. Suspensão e freios têm calibragens muito bem acertadas e são capazes de abrir um sorriso no rosto do motorista após praticamente qualquer viagem, curta ou longa. O Mini mais barato faz curva “como gente grande” e os quatro discos ventilados são mais do que o suficiente para parar o carro sem sustos. A direção é direta e torna fácil fazer a dianteira apontar para onde se quer. De quebra, as rodas menores, de 15 polegadas e calçadas em pneus de perfil mais alto, ajudam o carro a sofrer menos com a buraqueira do asfalto brasileiro. É claro que R$ 69.950 podem ser um preço alto a se pagar por um carro que pode não ser muito potente nem dos mais práticos. Mas ao menos o custo é retribuído com um padrão de refinamento digno de um BMW.
Ficha técnica
Mini One 1.6 16V
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 98 cv a 6 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 10,5 segundos.
Velocidade máxima: 186 km/h
Torque máximo: 15,6 kgfm a 3 mil rpm.
Diâmetro e curso: 77 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson, com rodas independentes, braços triangulares transversais e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Multilink e amortecedores hidráulicos.
Pneus: 175/65 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS como opcional.
Carroceria: Hatchback em monobloco com duas portas e quatro lugares. Com 3,72 m de comprimento, 1,68 m de largura, 1,43 m de altura e 2,46 m de entre-eixos. Airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.110 kg.
Capacidade do porta-malas: 160 litros.
Tanque de combustível: 40 litros.
Produção: Cowley, Inglaterra.
Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série: Ar-condicionado, direção hidráulica, airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS com EBD, apoios de cabeça traseiros, vidros, travas e retrovisores elétricos, sensores crepuscular e de chuva, retrovisor interno eletrocrômico, rádio CD, Hill Holder, rodas de liga leve, faróis e lanterna de neblina. Opcionais: Pintura metálica e câmbio automático.
Preço: R$ 69.950.
Fonte: motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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