7 de jul. de 2012

F-1-A guerra dos pneus de chuva


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Nestes dias de chuva aqui em Silverstone, esquentou o debate em torno dos pneus. E não por causa de maior ou menor desgaste dos compostos de pneus slick, mas por conta do número de jogos de intermediários e pneus de chuva a que cada time tem direito no final de semana de corrida.

Segundo o Artigo 25 do regulamento desportivo da FIA (leia aqui, em inglês), cada piloto tem direito a quatro jogos de inters e três de “full wets”. Se a primeira ou a segunda sessão de treinos livres forem consideradas “molhadas”, então os times terão direito a mais um jogo de intermediários, mas estes devem ser devolvidos antes do início da terceira sessão.
Ontem, houve quase nenhuma ação na pista durante as três horas divididas entre primeiro e segundo treino. Fernando Alonso, que não chegou nem a marcar tempo de manhã, destruiu a asa dianteira ao escapar da pista pela tarde. Da mesma maneira, Bruno Senna aquaplanou e estragou a frente do carro. Menos mau para a Williams que o time já estava mesmo se privando de testar as partes novas, tanto no carro de Pastor Maldonado quanto no de Senna — ou seja, as novidades permaneceram intactas.
A chiadeira dos pilotos
Muito bem. Isto posto, vamos às reações. Houve uma série de pilotos e diretores técnicos que reclamaram com veemência do número baixo de jogos de pneus de chuva disponíveis. Veja algumas declarações:
Fernando Alonso (Ferrari): “Fizemos poucas voltas por causa da chuva e pelo fato de que, com o número de jogos de pneus de chuva limitados pelas regras, não fazia sentido andar mais”.
Kimi Raikkonen (Lotus): “É uma pena que não tenhamos mais pneus de chuva de modo a ter mais tempo de pista”.
Bruno Senna (Williams): “O pneu gasta. Esta é uma pista de alta velocidade e o pneu gasta. Se você chegar na corrida com os blocos pela metade, se você precisar dos pneus, não vai ter”.
Mas houve algumas declarações que seguiram outra direção:
Bob Fernley (chefe da Force India): “Com todo o respeito, mesmo que nós tivéssemos os pneus, nós não teríamos andado porque a relação entre risco e recompensa não valia a pena, foi mais um programa de precaução do que correr riscos desnecessários”.
Martin Whitmarsh (chefe da McLaren): “É um alívio ter saído da pista com dois carros completamente intactos, com todas as asas e apêndices ainda ‘grudados’”.

O contra-ataque da Pirelli, na voz de Paul Hembery
Por conta de toda a polêmica, fui ouvir o diretor da Pirelli, Paul Hembery, na entrevista coletiva que ele costuma dar nos finais de tarde de sexta-feira. Apesar de ter sorrido bastante e falado com tranquilidade diante das TVs, ele foi muito mais arredio ao falar para os jornalistas de impresso.
O que Hembery disse foi na linha de Fernley:
Paul Hembery (Pirelli): Por que eles precisariam fazer isso [poupar pneus] se os pneus [de chuva] duram sessenta voltas? Com três jogos, eles fazem 180 voltas, você não pode dizer que não tem pneus. É um pouco mais complicado do que isso. É uma combinação de vários fatores. Nós mudamos a regra dos intermediários e agora temos uma série de intermediários inutilizados [a cada corrida]. Nos últimos cinco anos, tivemos o quê, um final de semana com chuva nos três dias? Vale a pena gastar meio milhão, um milhão de euros por ano para cobrir uma eventualidade que acontece a cada cinco anos? Há uma outra escola de pensamento que questiona: por que você correria em condições em que talvez você tivesse carros escapando? Você provavelmente não veria carros na pista mesmo que tivesse jogos ilimitados porque o risco de sair da pista é muito grande.
Resumindo, Hembery acredita que o fato de o público não ter visto muita ação nesta sexta-feira tem muito mais a ver com os times se poupando do risco de ter seus carros destruídos por conta das condições impraticáveis de pista, conforme Fernley admitiu, por exemplo. Mas tem mais.
Paul Hembery (Pirelli): Poderíamos, de repente, ter uma troca de pneus de chuva em vez de intermediários [na sexta-feira]. Mas isto também significaria levar mais pneus para as corridas. Aqui, por exemplo, desperdiçamos 200 jogos de slicks [não usados na sexta-feira]. A F1 fala tanto em redução de custo e estes são elementos de custo também. Nós também somos um negócio e temos custos da mesma maneira [que os times].
As explicações de Hembery me soaram bastante honestas, principalmente na questão do custo. Ficou claro que ele está falando em nome da empresa que ele “defende”, colocando o ponto de vista da Pirelli. Para isso, acabou atacando os times e dando a entender que houve uma certa hipocrisia ao culpar a questão dos pneus. De qualquer maneira, não invalida a demanda dos times e pilotos. Segundo a Pirelli, um jogo de pneus de chuva dura 60 voltas e o GP da Grã-Bretanha dura 52. É claro que não devem ser 60 voltas com desgaste zero, mas é daí que vem a conta das 180 voltas com três jogos.
Particularmente, fiquei com a sensação de que faltou um pouco de boa vontade dos times. Mas a sugestão de Hembery de dar a opção de um jogo extra de intermediários OU de pneus de chuva na sexta-feira pareceu razoável, embora tenha ficado bem claro na hora que ele disse isso a contragosto.

Fonte: tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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