Com motores a gasolina e elétrico, compacto desenvolve 138 cv e autonomia de 1.150 km
Toyota espera vender de 100 a 150 unidades do Prius, com preços entre os do Corolla e do Camry
Nos primeiros metros do teste drive do Prius, um pequeno susto. A estradinha sem acostamento tem uma mão em cada direção. De longe, vejo uma turma no canto da pista em que estou.
Eles conversam animados, se empurram, tiram onda... De repente, um começa a dar um “pedala” no outro e dois ou três vão para o meio da via. Já estou bem perto deles. Desvio rápido e buzino: “pô, não estão ‘vendo’ o carro, não?!”, me pergunto. Na verdade, não estão.
A Toyota tinha reforçado a informação. Mas na hora, e por força do hábito, simplesmente esqueci que estava em um automóvel que praticamente não denuncia sua aproximação. Mesmo quando o motor a combustão está em funcionamento, o nível de ruído é quase inexistente – e olha que a Toyota afirma que ele poderia ser ainda mais silencioso. Só não é, justamente, por questões de segurança.
Bom, lição aprendida. Mas o Prius tem mais a ensinar. Em uma época em que o "ecologicamente correto" estava longe de ser modismo ou fator positivo para a imagem de uma empresa, a Toyota investiu no desenvolvimento de um veículo híbrido. Testou mais de cem tipos de sistemas antes de escolher um. Depois que o escolheu, criou mais de 650 patentes. O resultado apareceu em 1997, quando o Prius foi lançado no Japão. As vendas foram pífias no primeiro ano, pouco mais de 300 unidades. Mas em 1998 a coisa mudou, e 17.700 modelos foram comercializados. Dois anos depois, o carro passou a ser exportado para os Estados Unidos onde, em abril passado, atingiu a marca de 1 milhão de vendas. Ao todo, 2,3 milhões de Prius já ganharam as ruas.
Consumo do Prius pode ser de até 25,5 km/l. O tanque comporta 45 litros
No modo Eco, o propulsor a combustão entra em ação junto com o elétrico, mas o sistema é calibrado para manter a economia de combustível, que pode ficar entre 8% e 20%, de acordo com a Toyota. O display na parte superior central do painel mostra o funcionamento e, assim, ajuda o motorista a conduzir do jeito mais eficiente. Ou não. Se preferir ignorar o lado sustentável do Prius, o condutor só precisa pisar fundo. Os dois motores ainda atuarão juntos, mas para privilegiar o desempenho. De novo segundo a Toyota, a resposta de aceleração pode ser até 25% superior, nessa condição.
O motor a gasolina vale alguns comentários. Com bloco de alumínio, ele tem 1.798 cm3 e quatro cilindros em linha. Foi desenvolvido dispensar a necessidade de correia auxiliar para movimentar componentes como o compressor do ar-condicionado. No lugar dela, uma bateria faz o trabalho, o que também ajuda a reduzir o consumo de combustível. Outra curiosidade: ele funciona no ciclo Atkinson, assim como o motor do Ford Fusion Hybrid.
Sistema multimídia permite acompanhar o acionamento das motorizações elétrica e a combustão
Junto ao motor, atua uma imperceptível transmissão continuamente variável CVT. Ela é comandada por um joystick que tem apenas quatro posições: Neutro, Ré, Drive e B, que deve ser usado em situações que o carro precisa de freio- motor (funciona que é uma beleza). O manuseio desse pequeno controle pode ser um pouco confuso a princípio, mas é fácil se acostumar.
No interior, há boa acomodação para todos os ocupantes, que ainda contam com fartura de porta-objetos e nichos. O porta-luvas, por exemplo, traz duas divisões, e o console central tem um apoio deslizante que esconde outro nicho, uma tomada e a entrada auxiliar.
O motorista viaja em boa posição, depois de ajustar seu banco a partir de comandos manuais. Elétrica, só a regulagem lombar. O volante traz comandos integrados, que permitem acessar o controle de cruzeiro e as informações básicas do veículo. Ele conta com ajuste de altura e profundidade. O ar-condicionado digital também tem comandos bem à mão e resfria a cabine com eficiência. O que sobra ali é o botão de aquecimento dos bancos, item que deve ser retirado da versão brasileira até o lançamento.
Motor elétrico impulsiona o Prius até os 50 km/h
Por falar nele, a qualidade do material usada nos revestimentos agrada. Há muitas partes plásticas, mas elas apresentam boa textura. Nas portas, há cobertura de tecido acolchoado na região de maior contato, onde o motorista e o carona recostam o braço. E você pode procurar, mas não encontrará rebarbas ou peças mal-encaixadas. O Prius é todo direitinho.
A Toyota espera vender de 100 a 150 unidades do seu mais famoso híbrido por aqui. A estimativa é que ele custe cerca de R$ 100 mil, já que a marca vai posicioná-lo entre o Corolla e o Camry. Por enquanto, nas ruas de Maragogi, em Alagoas, a população simples não tem nem ideia do que é o modelo. “Não é Ferrari, não”, disse um menininho ao vê-lo passar. Mas a Toyota sabe que para ter bom resultado vai ter de trabalhar bastante na divulgação do que é o produto e de qual é a sua finalidade. Senão, todos terão do modelo uma imagem confusa, como a que se vê no retrovisor interno por conta do vidro traseiro bipartido.
Sustentabilidade em números:
- 95% do Prius é recuperável
- 85% é reciclável
- 95% dos componentes da bateria de alta voltagem podem ser reaproveitados
- 44% menos emissão de CO2
Fonte: revistaautoesporte
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/
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