Em seu momento, eles parecem apenas acontecer. Alguns podem ter marcas ou façanhas imediatamente notáveis, mas muitos permanecerão discretamente nos registros até que se perceba qual sua importância. É o caso do GP da Espanha de 1993, que completa 20 anos nesta quinta.
Naquela prova, Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher se posicionaram, nesta exata ordem, no pódio. Era apenas um pódio a mais após uma corrida marcada por uma enorme monotonia, na qual a única “notícia” no fim da prova havia sido a confirmação do domínio de Prost, que assumira a liderança do campeonato e o quinto lugar de Michael Andretti – que pela primeira vez terminara uma corrida na categoria. Mas foi a única vez que os três ícones dividiram um pódio.
Antes do páreo, apesar da liderança de Senna, o cenário era bastante favorável a Prost. O francês, após receber duras críticas sobre sua pilotagem em pista molhada, vencera um instável GP de San Marino, duas semanas antes, com tranquilos 32s4 de vantagem para Michael Schumacher.
Na Emília-Romanha, Senna vinha até bem, ocupando o segundo lugar, mas sofreu uma pane hidráulica a 19 voltas do fim e permitiu a aproximação do rival no Mundial de Pilotos. Até Donington Park, duas etapas antes, o piloto da Williams amargara um déficit de 12 pontos para o brasileiro.
Schumacher, por sua vez, vivia um ano claudicante. Mesmo inexperiente, subjugou com facilidade o veterano Riccardo Patrese e arrancou dois sólidos pódios em Interlagos e Imola. Por outro lado, também acumulou insucessos em Kyalami e Donington Park. Na África do Sul, por exemplo, derrapou após uma épica disputa com Senna, quando tentava colocar seu B192 por dentro do MP4/8.
Como esperado, porém, o treino classificatório, realizado em tempo ensolarado, teve amplo domínio da Williams. Na primeira sessão, Prost se dera o luxo de retirar carga aerodinâmica da traseira do FW15 e enfiar mais de meio segundo sobre Senna.
Na segunda, a diferença dilatou para quase dois segundos, em parte graças a um fator tão curioso quanto mambembe: um mecânico esquecera de conectar um sensor na suspensão dianteira direita do McLaren e prejudicara as voltas rápidas de Senna.
Desta forma, Prost partiu em primeiro, ao lado do companheiro Damon Hill, com Senna em terceiro. Atrapalhado por um cisco no olho direito – parece sacanagem, mas não é –, Schumacher bateu o colega Riccardo Patrese por sete décimos no primeiro treino e se garantiu em quarto, ao lado da McLaren. Karl Wendlinger, da Sauber, ocupou a sexta posição no grid.
A largada em Barcelona foi atribulada. Primeiro, Johnny Herbert, da Lotus, não conseguiu ligar seu 107-Ford na volta de apresentação e caiu para o fundo do pelotão. Na sequência, a fiação do semáforo sofreu uma pane e indicou a luz laranja – que significa largada abortada – em vez da verde, mas ainda assim, os 25 carros – Michele Alboreto, da Scuderia Italia, não se classificou – partiram sem problemas.
Hill tomou a dianteira, seguido de Prost, Senna, Schumacher e Patrese, e como de praxe, as Williams abriram folga em relação ao resto nas primeiras voltas.
No 11º giro, Prost superou o companheiro britânico e tomou a ponta, enquanto Senna se mantinha num calmo terceiro lugar, às vezes acuado pela aparição de retardatários como Érik Comas, da Larrousse.
Prost e Hill se mantiveram separados por cerca de 1s5 até uma falha no motor Renault V10 do britânico, na 41ª passagem.
Assim, a ordem com Prost, Senna e Schumacher, provocada por um fator externo, continuou até o fim do percurso. Para se ter uma ideia da monotonia, no momento da quebra de Hill, a distância entre Williams e McLaren era de quase 20 segundos.
E, ironicamente, para o que os três representam hoje, o fim da prova foi recebido com pouca cerimônia pela imprensa e por equipes, como no cenário descrito no início do texto. A prova de que nunca teremos muito cacife para entender a ironia do tempo.
GP da Espanha de 1993 – resultado final:
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