Os fatos básicos estão todos lá: uma mudança no regulamento da F1 definiu que os motores turbo voltarão à categoria depois de 26 anos, e que o primeiro Renault RS01 de 1977 tinha lá seus problemas, e que seu motor costumava explodir com frequência, assim como muitos dos primeiros motores turbinados.
Só que a CNN começa a se enrolar mesmo quando o autor do artigo tenta explicar como os motores turbo são diferentes:
Enquanto um motor comum é movido por
uma correia conectada ao virabrequim, um motor turbo é movido pelo vapor
do próprio escapamento, o que proporciona melhor eficiência energética.
Meu Deus. Como é que pode uma frase tão curta ter tanta coisa errada
de forma tão eficiente? É impressionante, a seu modo. E, claro, estamos
falando da CNN, não de um site automotivo, mas em um artigo sobre carros
de Fórmula 1 e tecnologia no automobilismo, era de se esperar que ao
menos eles se esforçassem um pouquinho, não?Vamos por partes: “um motor comum é movido por uma correia conectada ao virabrequim”. É uma ótima maneira de começar se o objetivo e deixar claro que realidade e física não valem nada. “Movido por?” Quer dizer que ele é movido por um negócio que é movido por ele mesmo? Parece que temos um inédito caso de cavalos-vapor brutos, armazenados em um recipiente pressurizado, extraídos dos melhores cavalos árabes, liquefeitos e mantidos a 50 PSI.
Mas é claro que motores turbinados são bem mais eficientes, já que eles “são movidos pelo vapor do próprio escapamento”. Isto faria deles algo como, sei lá, locomotivas de movimento perpétuo? Bem eficiente, não é mesmo?
A pessoa que escreveu o artigo claramente não faz ideia de como um carro funciona. Claro, quando um daqueles turbos de antigamente falhava, o líquido de arrefecimento jorrava por toda parte e atingia o motor quente e várias nuvens de vapor se formavam, mas certamente não se trata de “vapor do escapamento”. Não tem um gnomo montado na traseira do carro jogando carvão na fornalha freneticamente para que o piloto consiga realizar uma ultrapassagem dramática no meio de uma curva.
Só para constar, motores “comuns” — que no caso devem ser os motores sem sobrealimentação — funcionam misturando ar e combustível, aspirando a mistura para dentro de um cilindro, comprimindo-a com um pistão e depois explodindo tudo isso. Motores turbo fazem a mesma coisa, mas usam os gases do escapamento para girar uma turbina que aumentam a pressão e a densidade da mistura ar-combustível dentro do cilindro, o que gera maior compressão e, consequentemente, mais potência quando acontece a ignição.
Nem imagino o público alvo deste artigo. O autor se refere aos motores turbinados como algo exótico que os leitores raramente encontrariam, dizendo que:
Uma vez em giro alto, eles mantém
muito bem a velocidade, e hoje você pode encontrar motores turbinados em
trens, caminhões e equipamentos de construção.
Sério? A locomotiva a diesel da minha cidade ou a escavadeira no
canteiro de obras perto da minha casa pode estar usando uma destas
notáveis turbinas movidas a vapor de escapamento? Fascinante! Será que,
um dia, uma destas incríveis peças de tecnologia poderão vir parar no
motor do meu carro?Outra evidência de que este artigo foi feito para homens das cavernas que acabaram de ser descongelados e/ou alienígenas que acabaram de pousas na Terra e estão interessados em nossas competições de automobilismo é a seguinte:
E os circuitos de F1 não mais terão o
rugido dos motores V8 — referência a seus oito cilindros — de 2,4
litros. Em vez disso, eles terão V6 1.6 turbinados, em dia com as novas
regras da F1.
Nossa! Então é isso que significa V8!Falando sério agora: na próxima vez, podem chamar a gente (ou qualquer taxista da praça) para ajudar vocês com as partes mais complicadas.
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