Em 20 de junho de 1942 Kazimierz Piechowski, um mecânico ucraniano e mais dois prisioneiros políticos fugiram de Auschwitz em um carro veloz que eles roubaram do comandante do campo. Aqui está a história de como eles conseguiram.
Judeus, ciganos, comunistas e homossexuais não eram os únicos grupos designados para o extermínio durante a Segunda Guerra Mundial. Hitler tinha uma lista longa de pessoas que ele considerava indesejáveis o bastante para enviar a um campo de extermínio. De acordo com as ordens do Führer, os nazistas também apontavam os escoteiros poloneses como uma organização perigosa e criminosa que precisava ser eliminada.
Cercar escoteiros para fuzilá-los era uma prática comum quando os alemães ocuparam a Polônia em 1939, por isso o jovem Piechowski, de apenas 19 anos, deciciu fugir para a França. Infelizmente sua fuga não durou muito e ele foi capturado na fronteira húngara, e em poucos meses acabou aprisionado em Auschwitz.
Segundo as recordações de Piechowski, contadas em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, no ano passado, os soldados e oficiais da SS no campo não perdiam uma oportunidade de atirar. Os prisioneiros trabalhavam em turnos de 12 a 15 horas construindo estruturas para expandir o campo e abrir espaço para a miríade de prisioneiros que adentraria aqueles portões pelos anos seguintes – a maioria para jamais sair de lá.
Piechowsky recebeu o número de prisioneiro 918 e serviu a várias equipes de trabalho – incluindo o Leichenkommando, que transportava cadáveres ao crematório. Uma de suas atribuições era limpar os baldes de carvão dos aquecedores do prédio em que os oficiais guardavam uniformes e armas. Isso foi muito valioso para o Piechowsky e seus compatriotas. Também ajudou muito o fato de algum deles falar alemão e conhecer gente com acesso ao registro de prisioneiros.
Quando Eugeniusz Bendera, um mecânico de automóveis ucraniano, contou a Piechowsky as alarmantes novidades, ele e seus dois amigos poloneses, Stanislaw Gustaw Jaster e Józef Lempart, entraram em ação. Bendera descobrira que sua morte estava programada, e por isso planejou uma fuga. Primeiro eles precisaram fugir do setor de alta segurança do campo, e depois, passar pelo famoso portão que ostentava a hoje famosa inscrição “Arbeit Macht Frei” – algo como “o trabalho liberta”.
Eles roubaram um carrinho de lixo da cozinha e disseram ao guarda que iriam trabalhar. A sorte estava ao lado deles, pois o guarda não checou seus registros, portanto três dos quatro prisioneiros foram direto ao armazém de uniformes – entrando no prédio pela portinhola do carvão dos aquecedores, que Piechowsky havia “consertado” no começo do dia – enquanto Bendera, que trabalhava na oficina do campo, arrumou o carro – um Steyr 220 do comandante Rudolf Höss. Bendera escolheu o carro mais veloz da frota do campo para que ninguém os alcançasse em uma eventual perseguição. O Steyr 220 era uma poderosa máquina austríaca reservada para as viagens rápidas do comandante Höss a Berlim.
O desafio seguinte do grupo veio logo depois de eles entrarem no carro, vestidos como oficiais da SS em direção ao portão principal. Piechowsky contou ao Guardian que quando eles se aproximaram do portão, ninguém reconheceu o carro. Suando copiosamente e temendo a morte, eles ficaram dentro do carro sem saber o que fazer quando Bendera parou no portão. Um deles estava vestido como soldado mas não tinha documentos. Lempart cutucou Piechowski nas costas e murmurou a ele que fizesse algo. Encontrando coragem para salvá-los, Piechowsky – que estava vestido como um segundo-tenente da SS forçou uma expressão facial e gritou pela janela em alemão:
“Acordem, seus imbecis! Abram isso ou eu abrirei vocês!”
Aterrorizados, os guardas abriram a barreira, permitindo que o possante automóvel passasse e fosse embora.
Embora eles tenham escapado e deixado o país, eles ainda não haviam conquistado a liberdade. O horror da ocupação nazista era abrangente demais para escapar de verdade. Piechowski fugiu para a Ucrânia, mas logo retornou à Polônia para servir o Home Army, um grupo de resistência polonês. Jaster também juntou-se ao grupo, por isso os nazistas prenderam seus pais em Auschwitz, onde morreram.
Rudolph Höss em seu julgamento
A punição de Piechowski por servir o Home Army foi imposta não pelos alemães, mas pelos sucessores soviéticos. Ele cumpriu sete anos de uma sentença de 10 anos, ganhando a liberdade aos 33 anos para trabalhar como engenheiro ao governo comunista da Polônia. Hoje ele vive na costa do Báltico, em Gdańsk, na Polônia.
Mas a lembrança mais assustadora desta ousada fuga de Auschwitz em 1942 não está em fotos ou registros, e sim gravada em tinta azul nos braços daqueles que sobreviveram aos terríveis anos derradeiros do campo. Depois que Piechowski e seus camaradas escaparam, os administradores de Auschwitz começaram a tatuar os números de registro nos braços dos prisioneiros.
Fonte:jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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