Crossover chega ao Brasil tentando um sucesso que até agora os maiores Q5 e Q7 não conseguiram
Glauco Lucena // Fotos: Guilber Hidaka
Audi Q3 deverá ser vendido por cerca de R$ 195 mil
Meu nome é Q3. Audi Q3. Sou o caçula de três irmãos, filho de uma abastada família alemã. Embora nascido em Martorell, pertinho de Barcelona, mal aprendi a falar catalão e já fui enviado aqui para o Brasil. Meus pais me disseram que eu poderia viajar tranquilo, que um país emergente traz ótimas oportunidades de trabalho – muito mais que na Espanha, onde nasci, que pelo jeito tá uma verdadeira zona do euro. Além disso, falaram que eu encontraria nas ruas brasileiras meus irmãos mais velhos, o Q7 e o Q5.
Algo me diz que meus pais não conhecem o Brasil tão bem assim. Até fiquei feliz por alguns dias numa concessionária Audi, rodeado de parentes. Mas logo me ofereceram para um pessoal esquisito, uns tais jornalistas automotivos, só porque sou o primeiro exemplar do meu tipo a chegar em terras brasileiras. Pessoal metido a piloto, querendo me levar para a terra, para o asfalto (e que piso esburacado!), em meio a carros velhos, em cidades poluídas. E, pior, colocando uma gasolina estranha no meu tanque, com álcool. Bem mais forte que a cerveja de trigo que meus pais tanto gostam.
Em local interditado, Q3 mostra a força do motor 2.0 turbo com injeção direta
Fiquei empolgado, mas antes tive de dar uma passada numa tal pista de testes, no interior, onde fizeram umas medições comigo. Não me fiz de rogado. Na hora de acelerar, usei meu “launch control”, minha tração integral Quattro e saí em disparada, sem derrapar, usando toda a potência dos meus pulmões turbinados. E não é pouca coisa! São 211 cv a 5.000 rpm. O carequinha ao volante ficou impressionado com o tempo que levei pra chegar a 100 km/h: 6,9 segundos. Em um quilômetro eu já estava a 192,8 km/h, e queria mais, mas a curva chegou rápido. Parece que aqui não tem nenhuma Autobahn onde possa chegar a 230 km/h do jeito que eu gosto.
Depois, o piloto calvo quis testar minha força, fazendo retomadas de velocidade. Cumpri todas em menos de 5 segundos. Tá pensando o que, rapaz? São 30,6 kgfm de torque entre 1.800 e 4.900 rpm. E câmbio S-tronic automatizado de sete marchas, com dupla embreagem. Além disso, ser o caçula tem suas vantagens. Sou o mais leve da família, peso só 1.640 kg, tenho alumínio no capô e até em partes da traseira. Coisa fina, leve e resistente!
Na Oscar Freire, rua mais "chique" de São Paulo, o Q3 só não se sentiu mais em casa porque não achou outros crossovers da Audi
Audi atraiu olhares zangados de rivais como o BMW, e só ficou em família na loja
Pior que os parentes indiferentes são os vizinhos com complexo de superioridade. Primeiro passou um BMW X1. Esse é do meu tamanho, não me assusta. Se bem que parece haver muitos X1 por aqui, melhor não provocar. Depois apareceram os irmãos maiores dos meus rivais, aí a coisa começou a ficar preocupante! Passaram alguns X3, X5 e os metidinhos da Mercedes. Um GLK, mais pra frente um GL, um ML estacionado...
Interior do carro é agradávele espaçoso, com ótima ergonomia
Hora de sair em busca de irmãos. Logo na saída da loja, fui fechado por um hooligan com cara assustadora. O tal inglesinho invocado, que chamam de Evoque. Da Land Rover, ou Range Rover, nem sei direito. O redator barbudinho me deixou assustado, disse que esse carro chegou agora ao Brasil e tá vendendo muito, vai ser meu maior concorrente. Poderia jurar que esse inglesinho com sotaque indiano me provocou; disse que é o Truck of The Year nos Estados Unidos. Fingi que não era comigo.
O acabamento é caprichado, com destaque para o teto panorâmico
De repente, nuvens e trovoadas! Uma tempestade de verão, com direito a granizo. Coisa que nunca tinha visto na Europa. Preocupado, o barbudinho embicou no Shopping Iguatemi, disse que ali encontraria meus irmãos. E rodamos, e subimos as rampas em caracol, e descemos, e procuramos... Nada de Q5 ou Q7, só os rivais mal-encarados de sempre. Pelo menos vi aos montes meus primos VW Tiguan, quase todos brancos. Deu pra matar a saudade da plataforma onde nascemos.
Em
uma tarde de passeio em bairros nobres, só um Audi Q5 foi visto; O
único Q7 encontrado passeou ao lado do irmão caçula por vários
quilômetros; ei, Evoque, sai da frente que eu quero passar!!!
Mas no Iguatemi de Alphaville, só encontrei rivais, da BMW, da Mercedes, e até uns coreanos posudos, que cada vez mais se acham donos do mundo sobre rodas. Percebendo meu abatimento, o barbudinho me explicou que a Audi poderia vender muitos de nós no Brasil, mas os preços não andavam muito camaradas. Disse que uns dirigentes antigos cismaram de vender Audi mais caro que Mercedes e BMW, o que não ajudou em nada. Mas que a nova administração estava lutando por preços mais competitivos. Por isso não vi tantos dos meus irmãos por aí.
Uma pausa para fotos do álbum de família na Cairagá Jardins
Espero que dê certo, porque os três a bordo não pararam de elogiar meu acabamento, meu comportamento no trânsito, meu conforto, minha segurança, meu teto panorâmico e até o bom espaço para um crossover do meu porte. Tá bom, reclamaram que o porta-malas não é dos mais generosos, mas ninguém é perfeito. Agora é esperar meus clones chegarem para ver se o hooligan Evoque não treme na base, e se o bando de X1 que vi pelas ruas não passe a nos respeitar mais. Compre-me, não vou te decepcionar!
Fonte:revistaautoesporte
Disponível no(a): http://revistaautoesporte.globo.com
Comente está postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe e comente nossas postagens.
Faça sugestões de matérias que gostaria de ver publicadas no Novo Blog do Largartixa .
Solicitação de parceria serão aceitas apenas por email:blogdolargartixa@hotmail.com. Deixe seu email para resposta que, responderemos o mais breve possível.