9 de dez. de 2011

Salão de Veículos Antigos: as picapes musculosas


A categoria dos coupé utility  é a síntese das semelhanças e diferenças entre o Brasil e os Estados Unidos. Aqui, como lá, picapes baseadas em carros fizeram muito sucesso – principalmente entre quem nem precisava de uma caçamba. Mas lá, diferente daqui, esses monstros saíam de fábrica com V8s com quase 70 kgfm de torque.

Os dois modelos mais clássicos dessa estranha categoria estiveram presentes no Salão Internacional de Veículos Antigos, em São Paulo: Chevrolet El Camino e Ford Ranchero.

Ambos os carros surgiram em meados dos anos 50, a época de ouro da indústria americana. No começo, eram apenas utilitários baseados em plataformas já conhecidas. No final da década de 60, porém, a febre dos muscle cars havia transformado essas picapes em ícones das piores intenções.
Dona de um dos nomes mais legais da história, a El Camino (perceba como é legal pronunciar) que mostramos aqui pertence à terceira geração do modelo, baseada na plataforma do Chevelle. Este exemplar ano 1970 em particular é simplesmente a versão mais maldosa de todas: a SS (de Super Sport) equipada com o assombroso V8 LS6.

Este motor de 454 polegadas (7,4 litros) saía de fábrica com 450 hp (456 cavalos) e 69 kgfm de torque, estupidez suficiente para fazer a El Camino SS arremessar toras de madeira de 0 a 100 km/h em 6,6 segundos, com todo o desperdício da queima de pneus incluso.

Infelizmente não pudemos abrir o capô para apreciar essa mecânica. O único sinal externo de ferocidade, além dos logos 454, é o scoop invertido chamado de “cowl induction”. Ele permite que o fluxo aerodinâmico em altas velocidades possa escoar o ar quente de dentro para fora do motor.
Visualmente, a El Camino SS transmite um tipo de ameaça que superesportivo nenhum é capaz de oferecer. Porque uma Ferrari, um Zonda ou um Lambo são carros projetados desde o início para aguentar o tranco de centenas de cavalos à solta. Dentro do pequeno universo de supercarros para milionários, eles fazem todo o sentido. Um Chevelle com uma caçamba adaptada e 456 cavalos despejados no eixo traseiro sem nenhuma assistência não faz nenhum sentido.

É por isso que gostamos tanto dela – e da sua principal concorrente histórica, a Ford Ranchero.

O exemplar branco das fotos é uma Ranchero GT ano 1971. A quinta geração era baseada no Ford Torino, e foi sem dúvida a Ranchero mais bonita na história de 22 anos do modelo, com agressividade e elegância na medida certa – anos depois, suas formas se tornariam exageradas.

Top de linha, a GT vinha toda incrementada com acessórios visuais e de conforto, e oferecia como melhor opção de motor o V8 Cobra Jet de 429 polegadas (7,0 litros) – razão para as cobras ornamentais que se espalham pela grade dianteira, laterais e tampa traseira.

O scoop deste Cobra Jet é do tipo shaker, conectado diretamente em cima do carburador, e vibra que nem chocalho com o motor em marcha lenta. O Cobra Jet produzia 370 hp (375 cavalos) e 62,2 kgfm – tudo de fábrica, como sempre vale a pena lembrar.

Por fora, chama a atenção as dimensões dessas picapes. Tanto a Ranchero quanto a El Camino são consideravelmente mais compridas e largas que as atuais Ranger e S10. A impressão é realçada pelo perfil da carroceria, ainda mais invocado devido à altura das bordas das caçambas.

A outra Ranchero presente no Salão era do mesmo modelo, mas um ano adiante, fato verificável pela grade dianteira bipartida. O carro estava com o capô escancarado, tornando possível babar à vontade no V8 429 Cobra Jet.

O Cobra Jet (também conhecido pela sigla 429 CJ) era uma versão de alta performance disponível para os Mustang, Torino, Cyclone e Ranchero, com peças superdimensionadas, taxa de compressão elevada e carburador Rochester Quadrajet. Bastante utilizado em corridas e arrancadas, formou a elite dos big blocks da Ford entre 1970 e 1973.

Poucos conhecidos aqui no Brasil, estes carros despertaram comentários curiosos. Teve gente do meu lado achando que se tratavam de adaptações fora-de-série. Nada disso. Só da Ranchero, por exemplo, foram fabricadas mais de 500 mil unidades.

Na Austrália, o conceito de coupé utility acabou ficando conhecido pela contração Ute, e lá ele sobrevive com toda a força, graças ao bom gosto dos habitantes locais que continuam mantendo as diabólicas Falcon e Holden Ute no mercado.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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